Alargar o portão da universidade! : atuação de cursinhos populares do Distrito Federal e a Psicologia Escolar

Abstract

Esta dissertação investiga a atuação dos cursinhos populares no Distrito Federal e Entorno, analisando suas práticas educativas a partir da perspectiva de suas lideranças. Além disso, enquanto objetivos específicos, compõe um registro crítico-analítico de caracterização e trajetória dos cursinhos populares, dos sentidos atribuídos pelas lideranças quanto a sua atuação pedagógica, social e política e identifica potencialidades e limitações da atuação dos cursinhos populares. Mediante aprovação do CEP sob o número 032704/2024, os instrumentos utilizados constituem-se a partir de entrevistas semiestruturadas e de formulários sociodemográficos. Os participantes dessa pesquisa são lideranças de sete cursinhos populares com atuação a mais de um ano em posições de gestão e de diferentes regiões administrativas do Distrito Federal. Os resultados revelam que a história dos cursinhos populares está relacionada com as trajetórias pessoais de suas lideranças e reforçam sua atuação como movimentos populares urbanos que carregam um forte compromisso com seus territórios. Além disso, mobilizam e formam sujeitos críticos e reafirmam o compromisso com a emancipação social das juventudes periféricas ao configurar-se como espaços de construção coletiva que articulam dimensões pedagógicas, afetivas, culturais e políticas. As lideranças atribuem diferentes sentidos aos seus respectivos cursinhos de modo que parte os concebem como movimentos de educação popular, com base na formação crítica e fortalecimento da identidade coletiva, outros os caracterizam como projetos educacionais voltados ao preparo para o ingresso no Ensino Superior e a aprovação dos estudantes. A partir da Psicologia Escolar Crítica, compreende-se que o vestibular e os processos seletivos-avaliativos legitimam a cultura hegemônica e contribuem para a consolidação do Ensino Superior como um espaço excludente e distante da realidade popular. Sob o viés do sucesso baseado no esforço individual, o mito da igualdade de oportunidades é criticado pelos cursinhos populares que buscam denunciar essas contradições e construir práticas educativas que reafirmem sua importância como espaços políticos.