Extrativismo e coleta na Amazônia : panorama e esboço de uma abordagem tecnoambiental

Abstract

A presente dissertação tem por objetivo realizar dois movimentos investigativos que desembocam em uma proposta de abordagem teórico-conceitual envolvendo a atividade extrativista coletora na Amazônia. O primeiro movimento diz respeito a uma recuperação das mobilizações e do percurso histórico-contextual da utilização do termo coleta na antropologia. O segundo movimento realiza o mesmo processo, porém com o termo extrativismo no centro e expandindo seu escopo para as ciências humanas. Os movimentos realizados procuram enfatizar alguns aspectos e cristalizações que se teceram a respeito da atividade extrativista coletora, sobretudo o que diz respeito à relação com árvores e vegetais. Entendo que essas categorias não são meras etiquetas descritivas, mas prismas de análise de realidades diversas. Fica evidente que os usos dessas categorias são escorregadios e, por vezes, confusos. Noções como “primitivismo”, “baixa tecnologia”, “atividade de baixo impacto”, oposições “selvagem/domesticado”, “natureza/cultura”, dentre outras, foram e ainda são, em maior ou menor grau de intensidade, elaboradas ou reificadas em diversos textos e pesquisas que buscam explorar a realidade extrativista. Para tanto, no último movimento procuro esboçar uma abordagem antropológica que consiga desarmar muitos desses argumentos que acabam, em última instância, encobrindo certos aspectos e dimensões da atividade extrativista coletora vegetal. Sendo assim, aciono uma abordagem que permite enfatizar a dinâmica constitutiva do extrativismo, não suas ausências. A técnica, seus gestos e modos de ação são apresentados como possibilidade de uma nova compreensão da atividade extrativista na Amazônia. Concluo que a exploração de movimentos, fluxos e formas de mediação em uma abordagem tecnoambiental podem ajudar a compreender ontologias extrativistas múltiplas e a constituição de selfs amazônicos extrativistas.