Ser mulher, mãe, estudante e beneficiária da assistência estudantil : histórias e memórias sobre a permanência das estudantes mães na Universidade de Brasília

Abstract

Nas pesquisas sobre os aspectos que impactam na permanência dos estudantes no ensino superior, a responsabilidade com filhos é problematizada como um dos fatores que contribuem para a conclusão tardia do curso ou para a evasão da universidade. Esta pesquisa, embasada por perspectivas teórico-metodológicas da História Oral, tem por objetivo identificar os significados de ser mulher, mãe e universitária, bem como os discursos que estão presentes nas narrativas e os sentidos atribuídos às experiências vividas pelas estudantes no processo de formação superior. Foram realizadas entrevistas com estudantes-mães da Universidade de Brasília, sendo quatro beneficiárias do Programa Auxílio Creche (PACreche) e duas beneficiárias do Auxílio Creche Temporário (T-CRECHE). As narrativas conduzem aos discursos e às práticas que marcam as experiências dessas mulheres na trajetória no ensino superior com relação à gravidez, maternidade e função de cuidado, bem como as estratégias que são adotadas por elas e que possibilitam a conciliação da maternidade com o processo de formação. A partir dos dados coletados, apresento o perfil socioeconômico, as principais formas de utilização desse auxílio e dados referentes ao rendimento acadêmico. Os resultados desta pesquisa indicam que a função de cuidado repete os padrões sexistas verificados ao longo da história, pois as narrativas são permeadas por uma clara demarcação de gênero e as mulheres ainda são as principais responsáveis pela guarda e criação da criança. Ainda que a maternidade seja a experiência em comum, a depender dos contextos e dos sujeitos são produzidos sentidos diferentes. Assim, por meio da história oral, buscou-se compreender qual o significado da maternidade na vida das narradoras universitárias.