Ensaio clínico randomizado sobre a influência da fisioterapia motora na redução da dor e do estresse em recém-nascidos prematuros por meio da variabilidade da frequência cardíaca

Abstract

Introdução: Com o aumento da população de prematuros novas preocupações surgiram sobre o crescimento do sistema nervoso central. A imaturidade dos sistemas torna os prematuros susceptíveis a desfechos funcionais indesejados, como alterações no desenvolvimento neuro psicomotor. Outro fator agravante está associado aos estímulos nocivos causados pelo ambiente externo, estes geram no prematuro situação de estresse e dor de forma aguda e crônica que também afetam o neurodesenvolvimento. Desta forma, a estimulação motora é uma técnica aplicada com o intuito de reduzir o estresse e a dor dos prematuros durante o período de internação hospitalar. Objetivos: Analisar e comparar a influência da fisioterapia motora e do posicionamento funcional na dor e estresse em recém-nascidos pré-termos (RNPT) por meio da variabilidade da frequência cardíaca (VFC), da escala NIPS (neonatal infant pain scale) e por meio dos sinais vitais; verificar se a fisioterapia motora resulta em aumento dos indicadores vagais (rMSSD, PNN20 e SD1); observar se a variabilidade da frequência cardíaca (pelos índices vagais) pode ser utilizada como instrumento de avaliação de estresse e dor em recém-nascidos prematuros. Métodos: estudo randomizado, duplo cego, incluindo 47 RNPT entre 32 a 36 semanas, utilizando o método CONSORT. Contém dois grupos de amostragem: 1) Grupo de intervenção (Intervenção do Protocolo de Fisioterapia Motora e Posicionamento Funcional) e 2) Grupo Controle (apenas o Posicionamento Funcional). Dados de ECG foram utilizados para análise da VFC, escala de estresse e dor (NIPS) e sinais vitais por 5 dias consecutivos. A análise estatística incluiu as medidas centrais e de dispersão (médias e desvio padrão ou medianas e quartis), e os testes estatísticos correspondentes Wilcoxon, Mann-Whitney (p < 0,05) e coeficiente de correlação de Spearman. Resultados: Houve um aumento significativo das variáveis lineares (rMSSD, pNN20) e não lineares (SD1, SD2/SD1) do grupo Intervenção na análise intragrupos em relação ao grupo controle. Observado a mesma tendência dos mesmos resultados na análise intergrupos. Houve redução significativa do estresse e da dor, avaliada pela NIPS, no grupo intervenção quando comparado ao controle. Os sinais vitais: frequência respiratória e saturação periférica de oxigênio tiveram menor variação no grupo intervenção. Discussão: Este trabalho apresenta dados inéditos sobre a influência da estimulação motora em prematuros nos primeiros dias de vida. Após a estimulação motora os prematuros apresentavam-se num estado relaxante, demonstrado pelos marcadores vagais, pelos sinais vitais e escala NIPS. Houve aumento da modulação vagal (RMSSD, pNN20, SD1) nos prematuros do grupo intervenção, caracterizando uma condição de maior relaxamento. O domínio do tempo e o plot de Poincaré demonstraram ser mais fidedignos com a condição autonômica real dos prematuros nas duas situações de análise. A aplicação do protocolo de intervenção da fisioterapia motora parece ser eficaz e segura em prematuros. Conclusão: estimulação motora apresenta resultados benéficos aos prematuros quando comparado ao posicionamento funcional apenas. No grupo Intervenção houve melhora significativa dos índices vagais na análise linear e não linear, maior estabilidade dos sinais vitais e redução significativa do estresse, avaliada pela escala NIPS, logo após a realização. A variabilidade da frequência cardíaca é um instrumento seguro e sensível para captação de dor e estresse em prematuros.