A construção da subjetividade no neoliberalismo : Deleuze e Guattari

Abstract

Este trabalho relata os resultados de pesquisa sobre como é construída a subjetividade no neoliberalismo e como essa face atual do capitalismo consegue prevalecer e prosperar. Deleuze e Guattari são os filósofos que analisaram o capitalismo sob o enfoque da Psicologia, da produção inconsciente dos desejos e do acoplamento dos desejos em máquinas. Eles trataram das transições desejantes dos caçadores coletores para o Estado despótico e, posteriormente, para o Estado civilizado capitalista. Nesse percurso, eles demonstram os movimentos nômades que conjuram o surgimento do Estado e a passagem da dívida finita para a infinita, com o surgimento do desejo de estoque. Igualmente, trataram da constituição da máquina de captura de nômades vivendo nos campos livres lisos da Terra e dos inventores da guerra para se defenderem da máquina Estado. A análise em tela terá como alicerce o problema do neoliberalismo, sendo esse a face do capitalismo no século XXI. Sobre esta problemática tornase inevitável desenvolver reflexões acerca de quatro fenômenos, dos mais importantes na atualidade, como a globalização, a financeirização, a tecnologia e a sociedade de controle e vigilância. Estes são fenômenos que apontam para o devir neoliberal capitalista. O fio condutor de análise é a filosofia de Deleuze e Guattari sobre o capitalismo que, para eles, é o mais demente processo do sócius. As demências neoliberais atuais são a paranoia e a esquizofrenia, conforme esses autores expuseram na obra O Anti-Édipo. A paranoia se apresenta na doutrinação para a extração da mais-valia e da acumulação ilimitada da moeda. Considera o mercado divino, o Estado mínimo, a falsa natureza competitiva do homem, a ideologia da meritocracia individualista e a supremacia da gestão privada sobre a pública, tudo para controlar os desejos e modificá-los. Referenciamos, nesta análise, outros autores críticos destacando Karl Marx e contemporâneos críticos do neoliberalismo tais como: Pierre Dardot, Christian Laval, Antonio Negri, Michel Hardt, Thomas Piketty, assim como outros, não menos importantes, citados ao longo do documento. O problema colocado nesta análise filosófica do plano neoliberal é a formação de uma univocidade subjetiva, a partir da racionalidade de sujeição social abrangente, assim como a submissão maquínica, conceitos de Deluze e Guattari. O objetivo é descobrir as premissas que moldam, monitoram e conduzem comportamentos no cotidiano, como as práticas no cerne das famílias, do sócius, do planeta e da vida. A finalidade de tratar destes problemas contemporâneos é compreender que estamos presos em uma gaiola sistêmica global, sem saídas aparentes e com grades regradas por tecnologias e códigos, os quais nos impedem de pensar. Deleuze e Guattari tratam com maestria a crítica ao capitalismo após o movimento mundial de maio de 1968, que marcou suas trajetórias.