Estudo da circulação arterial cerebral com Doppler Transcraniano (DTC) em pacientes com clínica de morte encefálica

Abstract

O Doppler Transcraniano (DTC) compreende uma ferramenta imprescindível para a definição final de morte encefálica (ME) clínica devido à sua praticidade, ao custo baixo e à alta sensibilidade e especificidade. Os objetivos do presente trabalho são de analisar os achados de DTC em uma série de 100 pacientes consecutivos com diagnóstico clínico de ME, medida de sensibilidade, intervalos de tempo entre exames clínicos e complementares e o perfil epidemiológico da população estudada, avaliando fatores etiológicos e topográficos das lesões associadas ao diagnóstico de ME. Os métodos empregados abrangem avaliação de tomografias computadorizadas, exames de DTC e prontuários eletrônicos realizados em pacientes sob o protocolo de ME com análise estatística da amostra coletada. Foram avaliados 145 exames de DTC em 100 pacientes (62% do sexo masculino). Espículas sistólicas foram encontradas em 40,1%, seguidas de velocidade de fluxo reduzida (12,9%), reversão diastólica (8,3%), ausência de fluxo (5,2%) e fluxo normal (3,5%), respectivamente. A sensibilidade variou de 69% a 90,5% quando o teste foi repetido em série. O tempo médio para completar os protocolos foi de 35,4 h (DP=±48,2h), com a maioria (59,5%) em até 24h. Não houve correlação estatisticamente significativa entre o sexo, idade dos pacientes ou variáveis diagnósticas e o tempo até o óbito. A lateralidade da lesão causadora da ME na TC não teve correlação estatística com a lateralidade dos achados dos DTC, e a presença de cirurgia descompressiva teve fraca correlação estatística com a não confirmação do ME no primeiro exame do DTC. Embora a maioria dos DTC tenha confirmado o status de ME, uma pequena porcentagem (9,5%) não concluiu o diagnóstico, atrasando o protocolo nesses casos.