Vivências comunitárias : as possibilidades de implementação de programas voltados para o bem-estar e saúde mental no ambiente universitário

Abstract

A importância da saúde mental no contexto do ensino superior já tem sido explorada em pesquisas científicas. No entanto, muitos desses estudos focalizam seus esforços nas causas do adoecimento mental dos estudantes, restando a demanda por pesquisas que procurem compreender quais ações de promoção de saúde mental possuem respaldo no interesse dos estudantes. Este trabalho aborda as necessidades e possibilidades de implementação de programas institucionais voltados para a promoção do bem-estar e da saúde mental de acordo com os alunos da Universidade de Brasília. A partir da perspectiva discente, foi possível verificar os principais temas mobilizadores de cuidados, o reconhecimento da importância das atividades comunitárias para sua qualidade de vida, além de pontos que comprometem o maior o engajamento dos discentes nessas mesmas iniciativas. Ademais, foram feitas reflexões acerca dos benefícios promovidos pelas artes como intermediadoras de bem-estar, além das possíveis melhorias nos processos comunicacionais de forma a atingir o público-alvo com maior eficiência. Encontrando fundamentação teórica no modelo bioecológico de Brofenbrenner, a pesquisa – qualitativa e fenomenológica – entrevistou oito alunos que buscaram acolhimento psíquico na Universidade ou que tenham participado de atividades comunitárias (artísticas, culturais, esportivas, de lazer, etc) promovidas pela instituição. Desses, três alunos participaram de um grupo focal para verificar como o discurso de reconhecimento das necessidades de ações promotoras de saúde se elabora no campo coletivo. Os resultados mostraram que os pontos mais sensíveis aos alunos são aqueles que marcam a vivência universitária, como a adaptação à vida acadêmica, as incertezas a respeito do curso e a relação professor-aluno. Verificouse ainda que a falta de repercussão curricular das iniciativas comunitárias, ainda que promotoras de saúde e já amplamente ofertadas pela instituição, é questão crucial que compromete o engajamento do público discente. Destaca-se que a temática sobre a saúde mental dos estudantes universitários é abrangente e, apesar dos avanços das pesquisas dos últimos anos, este estudo busca ampliar a discussão para que outros estudos possam ser produzidos.