Formas de projetar futuros coletivamente : o modo de viver das artesãs do Vale do Urucuia

Abstract

Esta pesquisa investiga de que forma um grupo de artesãs, habitantes do Vale do Rio Urucuia no noroeste mineiro, se engajou comunitariamente ao longo de seus catorze anos de existência, gerando reconhecimento dentro e fora de seu território. Apresenta a noção de que essa organização social só foi possível em razão de um elemento comum: o esforço pela perpetuação da tradição do artesanato no noroeste mineiro, que estava na iminência de se perder. Utiliza-se as noções de comunalidade e relacionalidade para demonstrar o meio pelo qual esse engajamento comunitário, e suas consequentes implicações territoriais, ocorrem. Por meio de entrevistas com artesãs associadas à cooperativa e consulta a relatórios de instituições que atuaram no local foi possível fazer uma análise qualitativa sobre como planejam que tipo de futuro querem para si ao projetarem alternativas para dar continuidade a tradição do artesanato que fazem. Esta pesquisa fundamenta-se, portanto, em uma perspectiva estudada dentro do campo do design que permite considerar que alguns grupos, como esse de artesãs, projetam seus próprios futuros, não necessariamente em razão dos produtos que desenvolvem, mas principalmente por terem autonomia para escolherem os melhores caminhos e alternativas para o encaminhamento de suas práticas.