Modelagem geofísica : uma contribuição para a hidrogeofísica aplicada em ambiente cristalino fraturado no ne brasileiro

Abstract

Parte da região Nordeste do Brasil tem forte influência do clima semiárido caracterizado por secas periódicas, essa característica causa o comprometimento do abastecimento de água por meio de reservatórios superficiais. A subsuperfície na área apresenta embasamento cristalino onde a percolação e o acúmulo de água subterrânea são controlados essencialmente pela presença de fraturas. Dentro dessa perspectiva, as técnicas geofísicas que utilizam os Métodos Eletromagnetométricos no Domínio da Frequência (FDEM) e o magnetométrico, tem como uma de suas aplicações a questão de águas subterrâneas. Essas ferramentas de grande valor aliadas às geotecnologias do levantamento geofísico aerotransportado tem potencial para mapear a distribuição de recursos hídricos subterrâneos nos ambientes de embasamento cristalino que se estendem por cerca de 80% dos milhões de quilômetros quadrados do nordeste brasileiro afetados pela seca. A água subterrânea encontrada nesse ambiente é levemente salina e consequentemente é esperado que ela se comporte como um condutor quando submetida a um campo eletromagnético induzido. Os dados de eletromagnetometria e magnetometria foram disponibilizados pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a partir de então, foram processados, integrados a dados geológicos e hidrogeológicos e interpretados. Foram obtidas imagens da condutividade aparente para três faixas de frequência nominal e discriminadas as anomalias condutivas para as altas e baixas frequências. Foi feito o imageamento da condutividade pela profundidade em linhas de voo selecionadas estrategicamente próximas a poços de água subterrânea cadastrados no SIAGAS/CPRM (Sistema de Informação de Águas Subterrâneas). Por meio das CDI’S

(Conductivity-Depth Image) foram identificadas regiões com coberturas condutivas e regiões de gradientes condutivos próximos à poços. A profundidade de investigação obtida para o imageamento da condutividade aparente chegou a 50 m em Juá e 45 m em Samambaia. As soluções obtidas pelo método de Euler identificaram estruturas magnéticas que atingiram profundidades de até 300 m em Juá e 600 m em Samambaia. As fontes magnéticas identificadas pelo espectro de potência atingiram profundidades de 600 m em Juá e 2 km em Samambaia. Lineamentos condutivos foram interpretados a partir das imagens da condutividade aparente e apresentaram em Juá direções preferenciais em NW-SE e NE-SW, e em Samambaia NE-SW. Os lineamentos magnéticos apresentaram direções preferenciais em NE-SW e E-W, nas duas áreas de levantamento, e foram interpretados sobre produtos magnéticos, tais como: as soluções de Euler, Amplitude do Sinal Analítico (ASA), Inclinação do Sinal Analítico (ISA) e Fase Local do Sinal Analítico (FLSA). As estruturas geológicas apresentaram direções preferenciais em NNE. O modelo geofísico proposto indica que os poços tubulares estão em zona de anomalia condutiva ou em zona de gradiente condutivo, e em estruturas e contatos magnéticos que apresentam diferentes direções. Coberturas condutivas também foram identificadas neste modelo e estão associadas à presença de sedimentos inconsolidados. Esses poços, em sua maioria, são interceptados por linhas de drenagem e estão sobrepostos a baixo topográfico.