Governança global para saúde digital no Brasil : uma aplicação de análise de risco

Abstract

Este estudo investiga a aplicação da análise de risco na governança global, utilizando a saúde digital no Brasil como estudo de caso instrumental. Ao integrar o risco como ferramenta analítica e metodológica, a pesquisa busca expandir seu papel além do processo decisório, posicionando-o como um elemento central nos estudos de governança global. A pergunta de pesquisa investiga quais são os principais riscos associados à implementação da governança global na saúde digital do Brasil e como estratégias eficazes de governança podem mitigar esses riscos, garantindo privacidade, segurança, interoperabilidade e acesso equitativo aos serviços de saúde. Para responder a essa questão, a pesquisa adota uma abordagem multi-metodológica, combinando o Método Delphi, a Análise de Impacto Cruzado e pesquisa de campo, estruturada dentro de um referencial construtivista, utilizando Intergovernamentalismo, o Advocacy Coalition Framework (ACF) e a Teoria dos Stakeholders. O Capítulo 4 se destaca como um capítulo de mapeamento, identificando os principais atores, dinâmicas institucionais e áreas de risco que estruturam todo o desenho da pesquisa. Os resultados desafiam a hipótese inicial, que previa diferenças significativas na percepção de risco entre os setores público, privado e usuários. Em vez disso, a interoperabilidade emergiu como a principal preocupação comum a todos os stakeholders, indicando um arcabouço de risco compartilhado que transcende divisões setoriais. Além disso, contrariamente às expectativas, questões financeiras não foram priorizadas, revelando que os desafios de governança são mais estruturais do que econômicos. Ao demonstrar como a análise de risco pode ser aplicada efetivamente à governança, esta pesquisa contribui para os estudos de Relações Internacionais, de forma mais ampla, e Governança Global, de forma mais específica, oferecendo um modelo replicável para integrar o risco ao planejamento e à tomada de decisão em políticas públicas. Os achados sugerem que percepções de risco compartilhadas podem fomentar estruturas de governança mais cooperativas, reforçando a importância da participação multissetorial na saúde digital e em outros domínios da governança global.