“Isso é aula de literatura?” : oficinas literárias encontros e descobertas em duas escolas públicas de ensino médio em Manacapuru-AM

Abstract

A literatura é o uso da palavra como ferramenta para expressar o mundo sob um ponto de vista subjetivo expresso por meio ficcional. Dada a sua importância para a formação do leitor, o presente estudo surge para verificar no contexto da sala de aula de duas escolas públicas em Manacapuru (AM) os aspectos relacionados ao ensino de literatura no Ensino Médio a partir do que os documentos reguladores preveem sobre a literatura e a formação do leitor no contexto do Amazonas, visto que faltam estudos sobre isso nessa região do país. A partir da noção de leitor comum de Virgínia Woolf (2007), as oficinas literárias propostas tiveram como enfoque a formação desse leitor, oferecendo aos estudantes o contato com os textos literários na sua integralidade e de forma lúdica. Ou seja, através de uma conversa informal, ilustraram ou escreveram as suas impressões de leitor sem a exigência de apresentar uma resposta pronta, formal, assim, leram, compartilharam e produziram seus próprios textos. Nas oficinas, utilizou-se a Metodologia Linear de Leitura Literária, proposta por Danglei Pereira (2020), realizando-se a leitura oral do texto de forma linear e completa do texto pela docente. Na realização da pesquisa, o método de investigação foi a abordagem qualitativa que teve, como instrumentos, a pesquisa bibliográfica e documental, a pesquisa de campo com observação das aulas de literatura e a aplicação das oficinas com a Metodologia Linear durante as Oficinas literárias: encontros e descobertas. No capítulo 1, foram revisitados os conceitos de leitura e a importância da leitura literária em sala de aula. No capítulo 2, realizou-se uma análise dos documentos oficiais sobre ensino de leitura e a leitura literária, destacando que eles abordam esse ensino de maneira geral, abrangente, sem destacar as especificidades do literário no Ensino Médio. Ainda, verificou-se que o conceito de juventude(s) presente nos documentos pauta-se no de Karl Manheim (1961), para quem a juventude deve ser vista dentro da sua realidade social, econômica e cultural, portanto geracional. No capítulo 3, foram apresentados os componentes da pesquisa, a necessidade de valorizar a literatura oral, os mitos dos povos tradicionais que constituem a identidade do amazonense e, no último capítulo, realizou-se a análise dos textos produzidos pelos alunos nas oficinas, os quais confirmam a hipótese de que os jovens estudantes do Ensino Médio leem e gostam de ler textos literários na interação com os textos por meio da leitura, escrita e do compartilhamento de uma forma lúdica.