Gestão e qualidade de vida no teletrabalho (e-QVT) : um estudo de caso no FNDE

Abstract

A transformação digital das relações de trabalho, intensificada com o advento da pandemia da covid-19, impulsionou novas formas e configurações de trabalho, dentre as quais adquire relevo o teletrabalho, no qual as equipes virtuais são ligadas por meio de tecnologias da informação e comunicação. Novos desafios têm emergido para a liderança de equipes virtuais, sobretudo quanto aos aspectos da Qualidade de Vida no Teletrabalho (e-QVT). No Brasil, o governo editou normas que possibilitam a implementação de um programa de gestão visando melhorar a produtividade e a qualidade de vida dos teletrabalhadores e reduzir custos. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é traçar um diagnóstico das dimensões da e-QVT, identificando pontos de atenção e facilitadores à gestão e implementação do trabalho remoto no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), e comparar os resultados das pesquisas nos cinco órgãos públicos onde a Escala e-QVT foi aplicada. O estudo caracteriza-se pela abordagem descritiva de caráter exploratório, realizada por meio de uma revisão sistemática de literatura (RSL), baseada no protocolo de Cronin, Ryan e Coughlan (2008), nas bases de dados: Web of Science e Scopus, cujos resultados compõem o referencial teórico. A pesquisa foi realizada com 158 teletrabalhadores do FNDE, com a aplicação da Escala de Medida e-QVT, desenvolvida por Andrade, composta pelas dimensões: Autogestão, Contexto, Estrutura Tecnológica, Infraestrutura e Sobrecarga de Trabalho, pela dimensão referente à Gestão do Teletrabalho e por questões abertas que buscam o que causa bem-estar e mal-estar no teletrabalho. Os achados apontam que os teletrabalhadores do FNDE estão numa zona de bem-estar dominante, com resultado positivo para promoção da saúde, em cinco dimensões de e-QVT, segundo a Cartografia Psicométrica de Ferreira (2012). A dimensão Sobrecarga de Trabalho encontra-se na zona de mal-estar dominante moderado e é um importante fator a ser considerado pela gestão do teletrabalho. Resultados similares foram observados nas pesquisas realizadas por Andrade (2020), no Superior Tribunal de Justiça, na Agência Nacional de Vigilância Sanitária e no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, e por Fayad (2021), na Universidade de Brasília, os quais fornecem subsídios para novas pesquisas visando contribuir para a consolidação do tema na academia e em organizações públicas brasileiras, tanto no que se refere à percepção dos teletrabalhadores quanto do ponto de vista institucional.