A dramaturgia épica em “Papa Highirte” de Oduvaldo Vianna Filho : o teatro no Brasil sob a Censura

Abstract

O presente trabalho insere-se nos estudos teatrais, em maior abrangência no campo da Dramaturgia e História do Teatro. A tese analisou a dramaturgia de Oduvaldo Vianna Filho, e elegeu a peça teatral “Papa Highirte”, escrita pelo dramaturgo e censurada no ano de 1968. O objetivo foi refletir sobre os impasses do trabalho artístico de Vianna, no período da ditadura civil-militar brasileira, com o intuito de verificar o amadurecimento da escrita do autor e do uso dos expedientes dramatúrgicos na experiência da construção de uma obra épica. A metodologia baseou-se na utilização dos procedimentos de pesquisa bibliográfica, documental por meio de fontes de jornais, decretos, leis, depoimentos e na análise do texto dramatúrgico. A pesquisa partiu da seguinte indagação: de que maneira Vianinha vislumbrou escrever uma obra dramatúrgica sobre o que acontecia no país em 1968? Com o intuito de aprofundar o conhecimento sobre as dificuldades enfrentadas pelos artistas ao escrever durante o acirramento da Censura no Brasil, foi preciso realizar uma revisitação histórica do período censório do Teatro no Brasil, mapeando as tentativas de resistência cultural em tempos de cerceamento da liberdade de criação. Consideramos que a obra “Papa Highirte”, configura-se no exame das contribuições estéticas do caminho da escrita dramatúrgica do passado-presente, sendo um testemunho e documento de uma peça política e épica que aborda dialeticamente as contradições da sociedade brasileira nos primeiros anos da ditadura iniciada, em 1964, que durou 21 anos, inscrevendo-se na historiografia do Teatro no Brasil com uma contribuição de Oduvaldo Vianna Filho à reflexão sobre as liberdades democráticas. Por fim, concluiu-se que Vianna foi um artista-intelectual orgânico que se conectou com os sentimentos da classe trabalhadora e substancialmente com a produção estética nacional-popular para denunciar as atrocidades e violências da ditadura brasileira.