Escrita de si como método formativo : diário pessoal e fotografias como produção de narrativas

Abstract

Apresento nesta pesquisa, reflexões sobre diários pessoais e fotografias retiradas de álbuns de família, que serviram como subsídio para o meu processo poético no contexto formativo em artes visuais. Um processo permeado de indagações sobre a natureza das recordações, o que mobilizou estudos acerca das ramificações da memória e suas possibilidades subjetivas, oportunizando a formação de mapas afetivos constituídos por diferentes artefatos apresentados no decorrer da pesquisa. Nesse sentido, algumas inquietações surgiram ao promover as seguintes perguntas: como a manutenção de diários pessoais pode significar um conhecimento acerca de si mesmo? De que modo a escrita desses diários, juntamente com a revisitação de fotografias de acervo pessoal – retiradas de álbuns de família – podem ser relevantes para o resgate de memórias adormecidas? Como conjecturar essas potencialidades de criação de narrativas visuais, fantasiadas pela memória e associadas com determinados artefatos? E por fim, como a manutenção desses diários pessoais, assim como revisitação de fotografias de família pode ser relevante, pensando o processo formativo do sujeito? Esses são alguns dos questionamentos que me colocaram em movimento para a realização desta pesquisa. Movimento que evidenciou um dos principais objetivos da pesquisa, ou seja, pensar que o caminho tanto teórico quanto metodológico, encontrou ressonância no contexto narrativo e autobiográfico estabelecendo conexões com as memórias que trazemos de experiências singulares, com os artefatos e com as produções verbo-visuais que recontam a nossa própria história de vida. Posteriormente, e com um olhar atento e sensível, compreendi a relevância do caminho teórico e metodológico para a condução investigativa, sobretudo ao colocar-me como sujeito e objeto da pesquisa. Nesse caminho, o lugar reflexivo a partir das fotografias e da escrita dos diários pessoais resultou em uma escrita de si, que produziu contornos sutis desenhados pelas próprias memórias, ao conjecturar a potencialidade de criação de novas narrativas. Narrativas que foram alicerçadas pelos aspectos formativos e autoformativos vivenciados com as experiências na educação básica, na universidade e na condição de professora, artista e pesquisadora. Amparada por este contexto, destaco a importância da pesquisa narrativa e autobiográfica no campo da formação e atuação em artes visuais, justamente pela viabilidade como método reflexivo e como potência na enunciação de sentidos tanto objetivos como subjetivos. Assim, observou-se que o presente método investigativo, permitiu a utilização de minhas próprias experiências para exemplificar como o uso de artefatos, assim como a manutenção de diários pessoais pode ser relevante para pensar o resgate de memórias, instigando questões subjetivas e o senso crítico a partir de experiências de vida.