A escuela del Sur de Torres-García e a utopia da pátria grande

Abstract

Esta pesquisa analisou as relações entre a obra "América Invertida" e o lema "Nuestro Norte es el Sur", de Joaquín Torres-García, em suas conexões com a utopia da Pátria Grande na versão bolivariana da primeira década deste século. Através da biografia do artista uruguaio, buscou-se analisar o percurso da elaboração teórica e plástica de sua obra, contemplando as principais fases e influências estéticas recebidas pelo autor, desde a concepção do universalismo construtivo até a formulação final da unificação cultural latino-americana concebida pela Escuela del Sur. Também foram historiadas a evolução da ideologia bolivariana e a utopia da Pátria Grande. Buscou-se verificar convergências entre as proposições da Escuela del Sur, a utopia da Pátria Grande e o bolivarianismo chavista. Procedeu-se à análise de fontes primárias, como textos e obras de Torres-García, discursos políticos, cartas e manifestos de personagens históricos relevantes associados ao longo processo de descolonização e integração regional; examinouse a incorporação do lema da Escuela del Sur ao slogan da Telesur TV, à vinheta da emissora e aos discursos de Hugo Chávez. Constatou-se que a imagem e o texto do lema de Torres-García facilitaram a disseminação do ideário bolivariano chavista; que após a morte de Chávez, a presença do lema da Escuela del Sur desapareceu gradualmente na medida que o protagonismo geopolítico venezuelano sucumbiu após a posse de Nicolás Maduro; que no processo de descolonização da América Latina, criatividade-arte-política constituem um sincretismo revolucionário próprio da história da descolonização latino-americana; que está em curso uma transição da vigência conceitual e utilização da América Invertida e da máxima “Nuestro Norte es el Sur”, do paradigma bolivariano chavista para o atual contexto de consolidação dos debates em torno às epistemologias do Sul e de instituição de fóruns defensores de um Sul Global.