Uma tese escrita intencionalmente para crianças : protagonismo estético e político na produção das epistemologias em Artes nas infâncias

Abstract

Nesta tese, desenvolvo reflexões acerca do protagonismo exercido por estudantes do ensino fundamental da Escola Parque 313/314 Sul, da cidade de Brasília, Brasil, e por estudantes da Escola Primaria Fray Victor Maria Flores, da cidade de San Cristóbal de las Casas, México, em processos de produção artística. Etnografando minha prática docente em Artes, realizada entre os anos 2012 e 2019, com crianças de 6 a 11 anos, relato e analiso quatro experiências desenvolvidas nesse período. Relato e analiso também uma experiência vivenciada em visita técnica, em San Cristóbal de las Casas, México, com crianças de 9 a 11 anos, no ano de 2023. Busco demonstrar como os processos de criação de obras de arte podem constituir situações promovedoras do protagonismo estético, político e epistêmico das crianças no espaço escolar e se projetar fora dele, ocupando territórios artísticos, confrontando as perspectivas pedagógicas adultocêntricas que as relegam a um lugar de puerilidade cognitiva. Argumentando em defesa do protagonismo das crianças, a tese também contribui para apontar caminhos de decolonização do ensino das Artes. Para o desenvolvimento da análise, mobilizo aportes teóricos-conceituais sobre as infâncias, a arte e o ensino da arte, priorizando perspectivas não norte/eurocentradas, como os freirianos, os decoloniais e em perspectivas decoloniais (autoras, autories e autores que não se intitulam como decoloniais). Coerente com a perspectiva política-epistêmica aqui adotada, que reconhece a agencialidade das crianças, a tese está escrita em uma linguagem narrativa acessível aos meus principais interlocutores — as crianças. Para tal, utilizo aporte teórico que trata sobre escrita insurgente e literatura escrita para crianças.