http://repositorio.unb.br/handle/10482/51160
Arquivo | Tamanho | Formato | |
---|---|---|---|
ElielDeJesusAmaral_TESE.pdf | 4,13 MB | Adobe PDF | Visualizar/Abrir |
Título: | Fitogeografia, diversidade taxonômica e funcional do estrato inferior de mata de galeria e cerrado |
Autor(es): | Amaral, Eliel de Jesus |
Orientador(es): | Munhoz, Cássia Beatriz Rodrigues |
Assunto: | Padrões florísticos Sub-bosque Vegetação ripária Florestas tropicais Savanas Solos Atributos foliares |
Data de publicação: | 10-Dez-2024 |
Data de defesa: | 25-Mar-2024 |
Referência: | AMARAL, Eliel de Jesus. Fitogeografia, diversidade taxonômica e funcional do estrato inferior de mata de galeria e cerrado. 2024. 181 f., il. Tese (Doutorado em Ecologia) — Universidade de Brasília, Brasília, 2024. |
Resumo: | Esse trabalho busca estudar as relações florísticas, funcionais e ambientais de espécies de plantas do sub-bosque nos habitats de mata de galeria e cerrado sensu stricto dentro do bioma cerrado. As matas de galeria são formações florestais ligadas a cursos d’água que entremeiam o Bioma Cerrado, e geralmente ocorrem em solos mesotróficos, em faixas de floresta cujas copas das árvores se tocam entre as margens de estreitos cursos d’água, formando galerias (Ribeiro & Walter 2008). Importantes funções hidrológicas e ecológicas são desempenhadas por esses ambientes. Já o Cerrado sensu stricto é caracterizado por uma camada herbáceo-subarbustiva contínua e vegetação lenhosa brevi-decidua descontínua sobre solos distróficos e predominantemente profundos. Os ambientes de mata de galeria e cerrado sensu stricto são bastante distintos, o sombreamento na mata causa complexas implicações ecológicas, tanto bióticas quanto abióticas a nível de população, comunidade e ecossistemas, principalmente no seu subbosque, que é uma camada mais sensível a mudanças. Já no cerrado sensu stricto, além do solo, o fogo é um dos principais fatores moldadores. Esses ambientes contrastam também na disponibilidade de nutrientes e água no solo, com as matas de galeria sendo mais úmidas, férteis e com maior teor de matéria orgânica. Essas variações no ambiente funcionam como filtros, influenciando na composição e estrutura de comunidades ao selecionar assembleias de plantas adaptadas a cada um desses ambientes. No capítulo um buscamos examinar os gradientes de composição de espécies e os preditores ambientais que influenciam a variação florística no sub-bosque de mata de galeria do Cerrado por meio de análises de gradientes e modelos lineares generalizadas. Além disso, investigamos a distribuição e o compartilhamento de suas espécies com outros biomas. Compilamos todas as espécies que compõem o sub-bosque de mata de galeria no Cerrado, totalizando 1.385 espécies. Encontramos que o sub-bosque de mata de galeria não apresenta um padrão consistente de diferenciação florística, se mostrando altamente conectado floristicamente, destoando dos padrões encontrados para o estrato arbóreo e de outros tipos de vegetação do Cerrado. Variáveis ambientais ligadas à disponibilidade de água como índice de aridez e estresse hídrico do solo foram os preditores mais importantes na determinação da variação florística em sub-bosque de mata de galeria no Cerrado. As maiores taxas de compartilhamento de espécies ocorreram com a Mata Atlântica (91%), a Caatinga (73%) e a Amazônia (65%), apresentando apenas 39 espécies endêmicas do sub-bosque de mata de galeria do Cerrado. Os resultados do capítulo um mostram como o sub-bosque de mata de galeria apresenta alta conexão florística entre as ecorregiões, resultado das adaptações das espécies e das características ambientais das matas, que servem como corredores de dispersão sombreados e úmidos em meio à savana. Reforçamos que as estratégias de conservação devem considerar a singularidade da variação florística das florestas tropicais e dos determinantes de todos os estratos da vegetação sob o risco de perda de biodiversidade. No capítulo dois nós amostramos e comparamos a riqueza, cobertura e formas de vida das espécies no estrato inferior dos ambientes contrastantes de mata de galeria e cerrado sensu stricto. E investigamos a influência da abertura do dossel, quantidade de serapilheira e de características edáficas na distribuição das espécies que habitam o subbosque desses ambientes. Encontramos um claro contraste entre os ambientes de mata de galeria e cerrado sensu stricto, com variações significativas na cobertura e riqueza das formas de vida em cada ambiente, apresentando baixo compartilhamento de espécies e gêneros entre si. As matas de galeria apresentaram maior cobertura e riqueza de espécies arbustivas, enquanto o cerrado sensu stricto apresentou maior cobertura de graminóides e maior riqueza de subarbustos. Também encontramos que áreas de mata de galeria são mais próximas floristicamente que áreas de cerrado sensu stricto. As matas de galeria apresentaram solos mais férteis, e maiores teores de areia e serrapilheira, enquanto o cerrado sensu stricto apresentou maior abertura de dossel e maiores teores de argila e silte no solo. Abertura de dossel e silte foram positivamente correlacionados com a cobertura de espécies no sub-bosque de cerrado sensu stricto, e P, Ca, Al e K foram correlacionados com a cobertura de espécies no sub-bosque de mata de galeria. Nesse trabalho visamos preencher lacunas no entendimento dos padrões da camada herbáceo-arbustiva do cerrado sensu stricto, e principalmente das matas de galeria, destacando suas diferenças em resposta ao ambiente, e subsidiando estudos mais completos que englobem todos os estratos da vegetação e que sejam voltados para a conservação e restauração do Cerrado. No capítulo três exploramos a variação dos atributos funcionais foliares de espécies herbáceo-arbustivas dos ambientes contrastantes de mata de galeria e cerrado sensu stricto para avaliar se esses ambientes selecionam espécies com diferentes estratégias ecológicas e geram comunidades com estrutura funcional diferentes. Encontramos que espécies de savana possuem atributos funcionais mais ligados a estratégias conservativas, enquanto espécies florestais possuem atributos associados a estratégias aquisitivas e que o ambiente de mata de galeria seleciona espécies com atributos principalmente ligados à competição, portanto gerando uma comunidade funcionalmente mais agrupada, enquanto o cerrado apresenta espécies com conjunto de atributos voltados principalmente para adaptação gerando comunidades funcionalmente mais dispersas. Encontramos também que os ambientes de mata de galeria e cerrado sensu stricto apresentam características edáficas e de disponibilidade de luz distintas que influenciam a seleção de atributos foliares nesses ambientes. |
Abstract: | This study aims to investigate the floristic, functional, and environmental relationships of understory plant species in gallery forest and cerrado sensu stricto habitats within the Cerrado biome. Gallery forests are forest formations linked to water courses that intersperse the Cerrado Biome and generally occur in mesotrophic soils, in forest strips whose tree canopies touch between the margins of narrow water courses, forming galleries (Ribeiro & Walter 2008). These environments play important hydrological and ecological roles. The cerrado sensu stricto is characterized by a continuous herbaceoussubshrub layer and discontinuous brevi-deciduous woody vegetation on dystrophic and predominantly deep soils. The environments of gallery forest and cerrado sensu stricto are quite different, shading in the forest causes complex ecological implications, both biotic and abiotic at the population, community, and ecosystem levels, mainly in its understory, which is a layer more sensitive to changes. In the cerrado sensu stricto, in addition to the soil, fire is one of the main shaping factors. These environments also contrast in the availability of nutrients and water in the soil, with gallery forests being more humid, fertile, and with a higher content of organic matter. These variations in the environment act as filters, influencing the composition and structure of communities by selecting plant assemblages adapted to each of these environments. In chapter one, we sought to examine species composition gradients and environmental predictors that influence floristic variation in the Cerrado gallery forest understory through gradient analyses and generalized linear models. Furthermore, we investigated the distribution and sharing of its species with other biomes. We compiled all the species that make up the gallery forest understory in the Cerrado, totaling 1,385 species. We found that the gallery forest understory does not present a consistent pattern of floristic differentiation, showing itself to be highly floristically connected, differing from the patterns found for the arboreal stratum and other types of Cerrado vegetation. Environmental variables linked to water availability such as aridity index and soil water stress were the most important predictors in determining floristic variation in gallery forest understory in the Cerrado. The highest rates of species sharing occurred with the Atlantic Forest (91%), the Caatinga (73%), and the Amazon (65%), presenting only 39 species endemic to the Cerrado gallery forest understory. The results of chapter one show how the gallery forest understory presents a high floristic connection between ecoregions, a result of species adaptations, and the environmental characteristics of the forests, which serve as shaded and humid dispersal corridors in the middle of the savannah. We reinforce that conservation strategies must consider the uniqueness of the floristic variation of tropical forests and the determinants of all vegetation strata at risk of biodiversity loss. In chapter two, we sampled and compared the richness, cover, and life forms of species in the lower stratum of the contrasting environments of gallery forest and cerrado sensu stricto. We investigated the influence of canopy openness, amount of litter, and soil variables on the distribution of species that inhabit the understory of these environments. We found a clear contrast between the gallery forest and cerrado sensu stricto environments, with significant variations in the coverage and richness of life forms in each environment, showing low sharing of species and genera between them. The gallery forests presented greater coverage and richness of shrub species, while the cerrado sensu stricto presented greater coverage of graminoids and greater richness of subshrubs. We also found that areas of gallery forest are closer floristically than areas of cerrado sensu stricto. The gallery forests had more fertile soils and higher levels of sand and litter, while the cerrado sensu stricto had greater canopy opening and higher levels of clay and silt in the soil. Canopy openness and silt were positively correlated with species cover in the cerrado sensu stricto understory, and P, Ca, Al, and K were correlated with species cover in the gallery forest understory. In this work, we aim to fill gaps in the understanding of the patterns of the herbaceous-shrub layer of the cerrado sensu stricto, and mainly of the gallery forests, highlighting their differences in response to the environment, and supporting more complete studies that encompass all strata of the vegetation and that are aimed at for the conservation and restoration of the Cerrado. In chapter three, we explore the variation in leaf functional attributes of herbaceous-shrub species from the contrasting environments of gallery forest and cerrado sensu stricto to assess whether these environments select species with different ecological strategies and generate communities with different functional structures. We found that savanna species have functional attributes more linked to conservation strategies, while forest species have attributes associated with acquisitive strategies and that the gallery forest environment selects species with attributes mainly linked to competition, therefore generating a functionally more dispersed community, while the cerrado presents species with a set of attributes aimed mainly at adaptation, generating functionally more grouped communities. We also found that the gallery forest and cerrado sensu stricto environments present distinct edaphic and light availability characteristics that influence the selection of leaf attributes in these environments. |
Unidade Acadêmica: | Instituto de Ciências Biológicas (IB) |
Informações adicionais: | Tese (doutorado) — Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Ecologia, 2024. |
Programa de pós-graduação: | Programa de Pós-Graduação em Ecologia |
Licença: | A concessão da licença deste item refere-se ao termo de autorização impresso assinado pelo autor com as seguintes condições: Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Universidade de Brasília e o IBICT a disponibilizar por meio dos sites www.unb.br, www.ibict.br, www.ndltd.org sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o texto integral da obra supracitada, conforme permissões assinaladas, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data. |
Aparece nas coleções: | Teses, dissertações e produtos pós-doutorado |
Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.