Alterações no padrão de sono e desenvolvimento da síndrome de burnout em profissionais da área da saúde : impactos causados pela pandemia do COVID-19

Abstract

O tema do autismo em adultos tem ganhado destaque e relevância nos últimos anos. Dentro desse contexto, o conceito de Neurodiversidade tem se mostrado cada vez mais pertinente, uma vez que a perspectiva sobre a condição pode influenciar diretamente a autopercepção. O objetivo deste estudo foi investigar a eficácia da aplicação da LuDiCa (Leitura Dialogada para Compreensão Profunda) na obra "A Diferença Invisível" e avaliar seu impacto em duas áreas específicas: 1) a perspectiva sobre o autismo, desenvolvendo diálogos mais alinhados com uma visão neuroafirmativa; e 2) a compaixão, mensurando a frequência das expressões de compaixão em relação a si mesmo e aos outros. Utilizamos um delineamento de linha de base múltipla por grupo, com três grupos compostos por cinco participantes recém-diagnosticados autistas. A intervenção foi baseada no mapeamento de unidades temáticas presentes na obra, utilizando o processo de scaffolding (modelagem) para uma compreensão profunda das funções narrativas sob a perspectiva neuroafirmativa. Além disso, aplicamos os instrumentos ATA-Q (Questionário de Atitudes Relacionadas ao Autismo) e SCS (Escala de Autocompaixão) como pré e pós-testes. Os resultados indicam que a intervenção teve um impacto positivo, promovendo diálogos mais alinhados com a perspectiva neuroafirmativa e aumentando a frequência das expressões de autocompaixão e compaixão em todos os grupos participantes. Os cálculos de tamanho de efeito confirmam esses resultados. Este estudo destaca a importante relação entre o paradigma da neurodiversidade e a autocompaixão, reforçando a relevância da adoção de práticas neuroafirmativas tanto no atendimento quanto na pesquisa envolvendo pessoas neurodivergentes.O estudo revela uma série de desafios enfrentados durante a pandemia de COVID-19. Além das implicações diretas na saúde pública, a pandemia afetou significativamente o bem-estar emocional e o padrão de sono dos profissionais de saúde, aumentando os riscos de desenvolvimento da Síndrome de Burnout. O objetivo da pesquisa foi investigar a relação entre a alteração no padrão de sono e o desenvolvimento da Síndrome de Burnout em profissionais de saúde da Secretária Estadual de Saúde do Distrito Federal, utilizando uma abordagem descritiva, longitudinal e quanti-qualitativa (Rodrigues et al., 2021). O estudo envolveu uma amostra de 276 profissionais de saúde da rede pública do Distrito Federal, que atuaram na linha de frente no enfrentamento da COVID-19. A coleta de dados seguiu as diretrizes éticas e utilizou um questionário online. Os participantes responderam a um questionário sobre seu perfil sociodemográfico, desenvolvido pela própria pesquisadora, além dos questionários validados Copenhagen Burnout Inventory (CBI) e Pittsburg Sleep Quality Index (PSQI) para avaliar a Sindrome de Burnout e a qualidade de sono, respectivamente (Nascimento et al., 2017). A analise estatistica explorou as relagdes entre o padrão de sono e o desenvolvimento da Sindrome de Burnout por meio de testes não paramétricos, Qui-Quadrado, e correlagdes Tau de Kendall. Os resultados da pesquisa demonstraram um predominio do sexo feminino —216 (78,3%) participantes, com faixa etiria majoritaria entre 40 e 49 anos — 112 (40,6%) participantes. A maioria dos participantes eram enfermeiros 76 (27,5%). As correlagdes Tau de Kendall mostraram correlagdes fracas entre as variaveis Burnout relacionado ao cliente (( = 0,177) e Burnout relacionado ao trabalho (( =0,282) e correlação moderada em Burnout pessoal (t=0,429). Embora o sono de má qualidade contribua para o desenvolvimento do Burnout, ele ¢ apenas um dos fatores envolvidos. Outras varidveis como carga horária de trabalho, as condigdes de trabalho, o nivel de suporte emocional e a natureza das tarefas desempenhadas também representam papéis significativos. Os testes Qui-Quadrado mostraram-se significativos (p=0,000) ao avaliar o sono insatisfatório e elevado nível de Burnout 195 (86,3%) para Burnout pessoal, 188 (83,2%) para Burnout relacionado ao trabalho (p =0,000) e 116 (51,3%) para Burnout relacionado aos clientes (p = 0,006). A pesquisa ofereceu uma visão abrangente dos desafios enfrentados pelos profissionais de saúde durante a pandemia de COVID -19, como a sobrecarga de trabalho e o medo do desconhecido, destacando a importância crítica da saúde mental e do bem-estar emocional desses profissionais.