Uso combinado de perfis elementares e razões isotópicas para discriminação das origens geográficas e práticas de manejo do Arapaima gigas (pirarucu)

Abstract

Apesar dos vários mecanismos de controle da atividade pesqueira, peixes como o Pirarucu (Arapaima spp.) estão ameaçados e até extintos em algumas regiões devido à pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (INN). Por outro lado, a rápida expansão da aquicultura surgiu como uma alternativa à apanha de pirarucus selvagens. Determinar a origem geográfica e se um peixe ou seu derivado é criado em cativeiro ou capturado na natureza é importante para assegurar o monitoramento da atividade pesqueira e, por consequência, garantir a conservação da biota aquática. As limitações dos métodos atuais de procedência de peixes podem ser superadas utilizando técnicas complementares. O objetivo do presente estudo foi utilizar análises isotópicas e elementares para diferenciar os pirarucus originários de diferentes tipos de manejo (captura no ambiente natural ou criados em cativeiro) e bacias hidrográficas localizadas no território brasileiro. A partir de 79 amostras do músculo dorsal de pirarucus de origem e manejo conhecidos e outras 52 amostras de pirarucus comercializados no Distrito Federal (DF), buscou-se diferenciar e caracterizar o manejo e a bacia hidrográfica de origem, além de caracterizar os pirarucus comercializados no DF. A análise isotópica de carbono e nitrogênio distinguiu os tipos de manejo e as bacias hidrográficas de origem. As maiores diferenças nas concentrações de elementos entre os peixes das bacias hidrográficas Amazônica e do Tocantins Araguaia foram encontradas para os elementos Cs e Sr. A Análise de Componentes Principais (PCA), combinando perfis elementares e isotópicos estáveis, pôde separar claramente as amostras em dois grupos correspondentes às bacias hidrográficas de origem. Embora não tenha sido possível categorizar todas as amostras comercializadas no DF, os resultados preliminares indicam que houve predominância de pirarucus provenientes da captura na bacia Amazônica. O uso combinado das análises isotópicas e elementares mostrou ser uma ferramenta valiosas para a rastreabilidade e monitoramento do pirarucu, identificando as áreas de origem e as práticas de manejo empregadas no território brasileiro. Essas técnicas são promissoras para combater a pesca ilegal e fortalecer as ações de conservação do pirarucu, contribuindo significativamente para a sustentabilidade e preservação da espécie.