Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos em material particulado atmosférico do Distrito Federal

Abstract

Os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), substâncias persistentes e ubíquas, representam uma perigosa classe de poluentes atmosféricos. Materiais particulados (MP) compõem outra classe de contaminantes atmosféricos, comumente estudados pelo seu perigo à saúde. A região do Distrito Federal (DF) monitora as concentrações de MP no ar, mas não suas características químicas. Este trabalho, aliado ao monitoramento local de partículas menores que 10 µm (MP10), buscou quantificar HPA na atmosfera do DF. Foram analisados 18 HPA por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas (CG-EM). Amostras de MP10 foram extraídas com n-hexano/acetona (1:1 v/v) em banho de ultrassom, concentradas em um evaporador paralelo Syncore Analyst (Buchi) e analisadas em CG-EM (Agilent). O processo de evaporação do solvente foi otimizado através de um planejamento fatorial completo (2³). Recuperações em solvente obtidas variaram entre 74 e 117%. Materiais de referência certificados (MRC) foram usados para estimar perdas durante etapas do preparo de amostra. Recuperações em MRC de poeira (tipo MP10) variaram entre 43 e 140%, sendo consideradas satisfatórias em comparação a outros resultados da literatura. No total, foram analisadas 70 amostras dos anos 2018, 2022 e 2023. Datas de amostragem foram escolhidas, ao longo de vários meses, para representar a estação seca e a estação chuvosa, características para a região. Foram utilizados amostradores de grandes volumes (Hi-Vol) em dois pontos: Rodoviária (centro de Brasília) e Fercal (próximo a duas indústrias cimenteiras). Todos os 18 HPA investigados puderam ser quantificados. A soma das concentrações (∑HPA), apresentou resultados de 0,05 a 4,24 ng/m³ (m/v) para a Fercal e de 0,11 a 4,24 ng/m³ (m/v) para a Rodoviária, com diferenças entre os anos e os períodos. Composições tiveram pouca variação, predominando substâncias com 5 e 6 anéis aromáticos. Identificou-se diminuição nas concentrações de HPA em MP10 para a Fercal durante o período de chuvas, o que foi associado a possíveis efeitos de rainout/washout. Razões de diagnóstico, calculadas com base em trabalhos da literatura, indicaram que as fontes de HPA no DF são majoritariamente as emissões veiculares e outros processos de combustão.