Trama magnética dentro e fora de um Cráton : insights a partir de dados aeromagnéticos da Faixa Gurupi, Brasil

Abstract

O Cráton São Luís de idade Paleoproterozóica é bordejado pelo CinturãoGurupi de idade Neoproterozóica no norte do Brasil. Estes terrenos apresentam complexa história deformacional derivada de orogenias paleoproterozóica, neoproterozóica e posterior fragmentação do Cráton Oeste Africano com a abertura do Oceano Atlântico. Diante da pouca compreensão acerca da estruturação em superfície e subsuperfície do Cráton São Luís e do Cinturão Gurupi, este estudo adotou uma abordagem multidisciplinar para investigar as deformações e mecanismos atuantes na evolução da área de estudo. Os dados aeromagnéticos foram interpretados a partir da integração com dados geológicos existentes. O método matched filtering estimou três profundidades para a área: 22 km, 5.7 km, 0.53 km. Na maior profundidade foram interpretados quatro domínios magnéticos no qual o Cinturão Gurupi é representada pelo domínio D, separado do Cráton São Luís pelo lineamento WSZ. O Cráton São Luís, é dividido nos domínios A, B e C e apresentam padrões sigmoidais cuja cinemática dextral é interpretada para a movimentação entre os domínios. Nas profundidades intermediarias e rasas, os lineamentos magnéticos exibem padrões deformacionais dúcteis e hierarquizados em três eventos deformacionais e foram interpretados como: D1 com lineamentos magnéticos de direção E-W e NE-SW sobrepostos ao Cráton São Luís; D2 apresentam lineamentos com tendência NW-SE e corresponde a zonas de cisalhamento sobrepostas ao Cinturão Gurupi e são associados a Zona de Cisalhamento Tentugal; D3 com direção variável entre N-S, NW-SE e E-W. O modelo digital de elevação aliado aos lineamentos do sinal analítico auxiliou na visualização de um par conjugado de estruturas NE-SW e NW-SE e corroborados pelas soluções de Euler, estimam-se que estas estruturas não ultrapassam 900 m de profundidade. As ocorrências e depósitos auríferos do Cinturão Gurupi estão espacialmente distribuídas nas direções NW-SE de caráter dúctil e direções secundárias N-S de caráter rúptil. Após correlacionar os padrões deformacionais com outras partes do mundo, o trabalhou permite inferir que o Cráton São Luís e o Cinturão Gurupi se encaixam no modelo de supercontinentes em escala global.