O protagonismo das grafiteiras do Distrito Federal e Entorno

Abstract

O estudo busca analisar a atuação das grafiteiras do Distrito Federal e Entorno entre os anos de 2001 e 2022 a partir da perspectiva interseccional. Partindo sobretudo das reflexões empreendidas pela socióloga Patricia Hill Collins, a interseccionalidade é utilizada como ferramenta para compreender as relações de poder implicadas no grafite. A pesquisa realizada apresenta um panorama da atuação das grafiteiras contendo o histórico do ativismo coletivo, o mapeamento dessas mulheres na região e o perfil social do grupo. Ademais, são elencados os maiores desafios enfrentados elas, como os obstáculos para ocupar o espaço urbano, a invisibilização no meio do grafite, a dificuldade de inserção no mercado de arte urbana e a desigualdade na divisão de tarefas domésticas. Também são explicitadas as estratégias coletivas que as grafiteiras do Distrito Federal e Entorno empreendem para superar estes desafios, entre as quais estão a formação de grupos compostos exclusivamente por mulheres, a realização de eventos independentes, a realização de exposições em galerias e a concretização de parcerias com os equipamentos públicos. Essas estratégias são explicitadas em uma linha do tempo e passam pela criação de espaços seguros, pela busca por mais visibilidade e pelo estabelecimento do diálogo com o poder público local. Por fim, evidencia-se a última, apontando os caminhos percorridos para sua realização. Além da interseccionalidade, utiliza-se as pesquisas realizadas nos Programas de Pós-graduação do Brasil sobre a atuação de mulheres no grafite como base teórica. As metodologias utilizadas são o questionário, a entrevista semiestruturada e a participação observante. A perspectiva interseccional traz à tona, além da categoria gênero, as categorias raça e território como relevantes para compreender as relações de poder no grafite do Distrito Federal e Entorno.