Medicamentos não constantes no consenso brasileiro de medicamentos potencialmente inapropriados para idosos versão 2016 frente as listas internacionais

Abstract

A terapia medicamentosa é extremamente significativa na vida dos idosos, visto que essa população é uma das que mais se beneficia com a utilização de medicamentos. No entanto, se constitui em grupo considerado vulnerável às ocorrências de resultados negativos associados à medicação (RNM). Este fato vem impulsionando o surgimento, em vários países, de listas de Medicamentos Potencialmente Inapropriados para uso em idosos (PIM). A intenção das listas de PIM é qualificar o fazer em saúde no que se refere a minimizar os possíveis eventos adversos ocasionados pelo uso de medicamentos nesta faixa etária. O objetivo do presente trabalho foi analisar a inclusão de medicamentos no Consenso Brasileiro de Medicamentos Potencialmente inapropriados para idosos (BCPIM/2016) com validação de especialistas e em convergência com as listas internacionais, bem como identificar opções terapêuticas e a intercambialidade para tais medicamentos. Trata-se de pesquisa exploratória, transversal e descritiva com abordagem mista. Para selecionar as listas internacionais de PIM, foram aplicados parâmetros métricos de acesso aos seus artigos e Crossref. Os PIM constantes nas listas foram classificados quanto a Anatomic Therapeutic Chemical – ATC e foi realizada comparação com o BCPIM/2016, resultando no indicador de concordância. Os especialistas foram selecionados pelo currículo lattes e o score de Fehring adaptado. O método Delphi modificado foi utilizado para consultar os especialistas quanto à inclusão dos PIM constantes nas listas internacionais no BCPIM/2016. Os medicamentos que tiveram unanimidade pelos pares quanto à sua inclusão no consenso brasileiro foram avaliados quanto à possibilidade de intercambialidade e opções terapêuticas. Foi realizado estudo de caso com a BCPIM/2016 atualizada (pré-teste) — junto aos idosos matriculados no Programa de Extensão da Universidade de Brasília – Universidade do Envelhecer (UniSER). Para as análises estatísticas foi utilizado o software SPSS versão 24. Foram observadas as prevalências relativas e a frequência absoluta para medidas de comparação. Foram encontrados oito medicamentos potencialmente inapropriados para idosos constantes concomitantemente nas listas de BEERS/2019, STOPP/START/2015, PRISCUS/2010, EU(7)PIM/2015 e BCPIM/2016. Dos 66 medicamentos comercializados no país, que constavam nas demais listas e não no consenso brasileiro, 24 tiveram anuência unânime dos especialistas para fazerem parte do BCPIM/2016. Para estes medicamentos, foram identificadas opções terapêuticas e intercambialidade das quais ressaltam-se os fármacos do sistema cardiovascular que foram os mais citados para fazerem parte do BCPIM/2016. É primordial atentar para a necessidade de revisões periódicas dos medicamentos constantes na BCPIM/2016, considerando os novos estudos que apontam para eventos adversos e as possibilidades de opções terapêuticas e intercambialidade.