Monitoramento sazonal da composição química da espécie Hippeastrum goianum (Ravenna) Meerow e sua influência na atividade de inibição da acetilcolinesterase

Abstract

Hippeastrum goianum (Amaryllidaceae) é uma espécie endêmica do Cerrado, que apresenta alcaloides de interesse farmacológico. Contudo, a concentração de alcaloides pode ser afetada por fatores ambientais e pelo tipo de tecido vegetal no qual esses compostos são encontrados. Portanto, foi avaliada a influência da sazonalidade no perfil de alcaloides e na atividade biológica de folhas e bulbos de H. goianum. O material vegetal foi coletado em três períodos (outubro/2017, fevereiro/2018 e maio/2018). Um perfil químico de extratos etanólicos brutos e frações acetato de etila foi obtido por CG-EM. Os extratos brutos, frações acetato de etila e aquosas foram avaliados quanto à atividade de inibição in vitro da acetilcolinesterase (AChE). Os dados obtidos por CG-EM foram explorados por análise multivariada (HCA e ACP). Os dados sobre a porcentagem de inibição da AChE foram analisados por análise de variância (ANAVA). A análise por CG-EM mostrou a presença de onze diferentes alcaloides, sendo licorina o alcaloide majoritário tanto em bulbos quanto em folhas. Cherilina e norlicoramina, estão descritos pela primeira vez para o gênero Hippeastrum. Todos os demais alcaloides identificados no perfil químico, exceto licorina, estão descritos pela primeira vez para H. goianum. A amostra coletada em fevereiro/2018 apresentou a maior variabilidade de alcaloides, enquanto que aquela coletada em outubro/2017 apresentou a menor variação de compostos alcaloídicos. Entretanto, a análise multivariada sugeriu que, em relação ao perfil químico, o tipo de extrato e parte da planta exerceram maior influência do que o período de coleta. A ANAVA mostrou diferenças estatísticas em relação a sazonalidade e tipo de extrato para a atividade de inibição da AChE, onde fevereiro/2018 foi considerado o melhor período para coleta de folhas, visando a utilização desse material vegetal para atividade biológica uma vez que durante esse período as folhas apresentaram a maior atividade de inibição enzimática enquanto que para os bulbos, o período de maio/2018 mostrou a melhor porcentagem de inibição. Outra observação interessante refere-se ao fato de que tanto folhas quanto bulbos de H. goianum podem ser fontes de alcaloides de interesse farmacológico, principalmente licorina. Dessa forma, a utilização de folhas contribuem para a preservação da espécie, pois a coleta das mesmas mantém a planta viva.