A influência das lesões musculoesqueléticas no movimento

Abstract

Os bombeiros são considerados “atletas ocupacionais” devido a necessidade de manterem o condicionamento físico ideal durante a carreira. As lesões musculoesqueléticas são frequentemente relatas por populações militares e uma das principais causas de absenteísmo e morbidade, com considerável fardo financeiro durante o treinamento básico militar. A compreensão de fatores de risco intrínsecos que podem colocar um indivíduo em risco de lesão musculoesquelética pode ser extremamente importante para evitar tal desgaste. As baterias de testes funcionais preditivos realizadas em bombeiros militares podem se tornar uma possibilidade de monitorar e avaliar tanto o desempenho físico quanto ao futuro risco de lesão. Dessa forma, o estudo teve como objetivos (1) descrever as lesões prévias, de acordo com a natureza, mecanismo causal, local de acometimento e outras características epidemiológicas; (2) identificar fatores associados à assimetria do movimento. Trata-se de um estudo transversal com 306 bombeiros recémingressantes. Utilizou-se o Inquérito de Morbidade Referida (IMR) para obter informações relacionadas a ocorrência das lesões musculoesqueléticas nos últimos 6 meses. Realizou-se a análise do movimento funcional através do Functional Movement Screen (FMS™) para identificar padrões de movimento compensatórios e assimetrias. As lesões pregressas foram analisadas descritivamente e verificou-se a razão de prevalência entre as covariáveis (sexo, idade, BMI, IPAQ, presença de lesões prévias e escore FMS™) e assimetria geral. Através da regressão multivariada, verificou-se a predição de assimetria geral e específica (movimentos ASLR e RS) utilizando as variáveis preditoras sexo, presença de lesões prévias e nível de atividade física. Lesões musculares (49,4%), em membros inferiores (47,52%) e durante a musculação (36,3%) e corrida de velocidade/resistência (21.5%) foram os itens mais prevalentes no IMR. Entre as covariáveis, apenas o escore do FMS™ apresentou RP significante para assimetria geral, no qual indivíduos com ≤ 14 pontos no FMS™ apresentaram 28% de chance de movimento assimétrico (OR=1.286; IC95%=1,12-1,46) quando comparado aos demais. Lesões prévias e sexo apresentaram baixa predição para assimetria no ASLR. A presença de lesões prévias prediz a ocorrência de assimetria no movimento ASLR, com maior peso para o sexo masculino. Verificamos que indivíduos com escore do FMS ≤14 apresentaram maior chance de ocorrência de assimetria geral.