Um olhar sobre o uso da tecnologia assistiva como apoio a educação de surdos na formação profissional técnica em enfermagem no Distrito Federal.

Abstract

A população surda no Brasil inserida no processo de escolarização tem aumentado nos últimos anos e com isso a Educação Básica na modalidade de Educação Profissional e Tecnológica tem proporcionado a profissionalização desses estudantes para o mundo do trabalho. Contudo, observa-se que a sua inserção profissional ainda se constitui como um desafio a ser considerado, no qual o docente, a escola e o Estado têm papel fundamental, principalmente com a perspectiva trazida pela implementação e uso de Tecnologia Assistiva de apoio definida como apoio a pessoa surda. Segundo o Decreto nº 5.626/2005 a pessoa surda por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras (BRASIL, 2005). O objetivo deste estudo foi compreender o uso da Tecnologia Assistiva como apoio à educação de surdos na educação profissional em enfermagem. A pesquisa realizada, de abordagem qualitativa, constituiu-se como um Estudo de Caso com observação direta, roda de conversa e entrevista semiestruturada. Os participantes do estudo foram estudantes surdos e ouvintes da turma, tradutor e intérprete da Libras e professores do curso técnico de enfermagem de um Centro de Educação Profissional da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal. Os dados foram coletados em 4 meses durante o período letivo e analisados na perspectiva da análise de conteúdo de Bardin (2016) com adaptação de Franco (2018) utilizando o software NVIVO. Os resultados apontaram que a utilização da Tecnologia Assistiva como apoio ao processo de ensino-aprendizagem utilizadas com intencionalidade pelos professores com os estudantes surdos durante a formação profissional favoreceu a participação inclusiva e a aprendizagem de todos os estudantes. Entretanto foi observada a dificuldade de comunicação dos docentes com os discentes surdos no processo de interação em sala de aula. Nesse sentido, registrou-se que o intérprete de Libras teve papel preponderante para a efetividade da comunicação durante o processo de ensino e aprendizagem na realidade observada. Assim que pode-se afirmar que os recursos tecnológicos quando utilizados com a perspectiva do Desenho Universal na Aprendizagem - DUA, considerando, segundo Souza (2015) o seu princípio fundamental de que é a diversidade que está presente na sala de aula e que, por ela, somos diversos na forma de ser, aprender e estar no mundo; isso orienta para a atenção da escuta que o professor precisa fazer em sala de aula, integrando o uso de recursos de apoio tecnológicos de todos os níveis para possibilitar aos discentes surdos e ouvintes a compreensão dos conteúdos estudados e suas aplicações na vida prática. Com isso ajudar a superarem as possíveis dificuldades individuais de comunicação de professores e estudantes envolvidos para favorecer a aprendizagem de todos com a perspectiva de construírem e viverem em um mundo mais acessível e realizador para todos.