Práticas sociais de pedagogia sistêmica ressignificando modos de pensar, sentir, (inter)agir e ser no contexto escolar : um estudo crítico do discurso

Abstract

As representações discursivas sobre a “crise” na educação frequentemente se direcionam mais para o “discurso fatalista” do que para possibilidades de mudança. Nesse sentido, muitas vezes, há o sentimento de impotência do ator escolar em possibilitar a mudança e, em consequência, sua ação é imobilizada, diante das redes de práticas escolares. Partindo dessa perspetiva, este estudo tem como objetivo geral, a partir de uma questão motivadora, em vez do problema em si, compreender as práticas sociais de Pedagogia Sistêmica e as possibilidades de (re)significação de modos de pensar, sentir, (inter)agir e ser em contextos de educação infantil e de séries iniciais do Ensino Fundamental do Distrito Federal. Os Estudos Críticos do Discurso (ECD) são a base teórica desta investigação que também se apresentam como base metodológica, no termo da Análise de Discurso Crítica (ADC), tendo como estudiosos principais, Chouliaraki e Fairclough (1999); Fairclough (2003) e suas vinculações ao Realismo Crítico de Bhaskar (1989,1998) e a Linguística Sistêmica Funcional (LSF) postulada por Halliday (1994). Destacam-se também as contribuições de Magalhães (2005), Resende e Ramalho (2004, 2017) e de Dias (2011). Esses referenciais teóricos são associados a uma pesquisa qualitativa de cunho etnográfico; além disso, como essa abordagem teórico-metodológica propõe um diálogo com outras abordagens, acrescenta-se a essas perspectivas do Discurso a Pedagogia Crítica de Paulo Freire (1921,1979, 1981, 2002 e 2005) e as da própria Pedagogia Sistêmica – Hellinger (2008, 2020); Garcia Olvera (2010, 2019); Marianne Franke-Gricksch (2014); Enrich Parellada (2006); Vilaginés Traveset (2007); Núñez Álvarez (2013, 2017); e Fonseca (2013, 2018 2019). Como resultados, verificamos que a Pedagogia Sistêmica se constitui de marcas linguístico-discursivas específicas, que permeiam suas práticas discursivo-sociais particulares. Verificamos também que há uma ressignificação na negociação de identidades, como o docente não ocupar o lugar da família na (inter)ação com o estudante, assim como uma (inter)ação não assimétrica entre o sistema familiar e o sistema escolar, mas dialética e dialógica, de concordância agentiva. Novas possibilidades de mudança foram geradas, acionando questionamentos em relação a interações sociais legitimadas por assimetria de poder. Desse modo, é notável que práticas sociais de Pedagogia Sistêmica, ainda que recentes nas redes de práticas escolares, constituem possibilidades de ressignificação dos modos de pensar, sentir, (inter)agir e ser nos contextos escolares.