As rochas graníticas e sieníticas das cachoeiras teotônio e Santo Antônio, Rio Madeira, Porto Velho, Rondônia : geologia, petrografia e geoquímica

Abstract

Esta dissertação apresenta os resultados da caracterização geológica, petrográfica e geoquímica das rochas granitóides e sienitóides da região das cachoeiras Teotônio e Santo Antônio, rio Madeira, Porto Velho, Estado de Rondônia. Essas rochas são representativas de duas expressivas unidades estratigráficas informais que dominam a região Porto Velho* Jaciparaná: Granitos Tipo Santo Antônio, aqui representado pelo maciço Santo Antônio e Suíte Intrusiva Teotônio, aqui restrita à sua porção leste. O mapeamento faciológico do maciço Santo Antônio permitiu o reconhecimento de oito fácies granitóides que foram agrupadas em quatro associações de fácies ou unidades mapeáveis, cuja seqüência de colocação é a seguinte: associação de granitóides grossos -» associação de granitóides finos -» associação de granitóides médios ->> associação de rochas híbridas. A presença de rochas híbridas e de diques sinplutônicos de diabásio evidenciam o caráter bimodal do magmatismo. As rochas granitóides são subalcalinas, marginalmente peraluminosas e representadas predominantemente por monzogranitos de caráter subsolvus, com biotita como máfico principal. As fácies grossas contêm textura arrti-rapakivi e rapakivi. As características geoquímicas, em especial a elevada razão Fe/Mg e altos teores de K, F, Rb, Ba, Ga, Nb, Y, Zr e terras raras são compatíveis com granitos intra-placa e do tipo A, subgrupo Ag. As rochas híbridas ocorrem como diques cortando os granitóides e exibem feições texturais e geoquímicas que indicam origem através de mistura de magmas ácido e básico com composições similares às dos granitóides médios e grossos e diabásio, respectivamente. Os diabásios correspondem a basaltos tolerticos continentais evoluídos. Os pontos básicos da origem e evolução geológica do magmatismo, com idade U-Pb preliminar de 1432±63 Ma, são: ambiente anorogênico e extensional, origem anatéctica do magma félsico e relação causai, mas não comagmática, com magmatismo básico mantélico, responsável pelo aquecimento e conseqüente fusão parcial da crosta. O mapeamento faciológico da porção leste da Surte Intrusiva Teotônio permitiu o reconhecimento de onze fácies sienitóides e granitóides, agrupadas em três associações de fácies: associação grossa maciça, associação média bandada e associação grossa rosa. Várias fácies ocorrem como corpos tabulares com feições intrusivas, espessura menor que dois metros e arranjo que define um bandamento em grande escala. Predominam granitos e sienrtos originalmente hipersolvus, com mineralogia anidra e de alta temperatura, submetidos a transformações pós-magmáticas que provocaram a destruição do feldspato alcalino e da fayalita e clinopiroxênio originais, com conseqüente surgimento de plagioclásio eanfibólios secundários de origem subsotidus. Essas transformações são mais intensas nos sienitos e granitos róseos. Granitos finos de caráter subsolvus constituem diques que cortam as demais rochas. A suíte tem afinidade alcalina supersaturada em sílica e exibe notável enriquecimento em ferro. Os granitos e sienitos tem caráter metaluminoso e altamente potássico e características geoquímicas comparáveis a granitos intra-placa e tipo A, subgrupo Av A presença de diques sinplutônicos de rochas intemediárias (monzonitos, monzodioritos e dioritos), enclaves microgranulares escuros (mon2odioritos) no sienito fino rosa, possíveis xenocristais de plagioclásio “cálcico* nos sienitos e granitos róseos e rochas intermediárias e o padrão de variação linear definido por essas rochas sugerem magmatismo de caráter bimodal e o envolvimento de processos de mistura de magmas em sua evolução. . A natureza hiperso/vus das rochas, a bimodalidade do magmatismo e o enquadramento da maioria dos sienitos e granitos no subgrupo At dos granitos tipo A, sugerem que a gênese dessas rochas, com idade U-Pb prelim inar de 1380±30 Ma, está possivelmente relacionada à diferenciação de magma básico marrtélico. As relações entre o maciço Santo Antônio e a Suíte Intrusiva Teotônio não foram observadas diretamente no campo. Os valores e limites de erro das idades U-Pb disponíveis (sujeitas a modificações) sugerem a contemporaneidade entre os dois conjuntos rochosos.