Estudo de dois perfis de solo tropical com adição de cal

Abstract

Os solos tropicais ocupam 65% do território brasileiro. Assim, estudos que objetivam o entendimento de suas propriedades considerando o contexto peculiar de sua gênese, são de grande valia no âmbito geotécnico. Uma vez que, o intemperismo químico, predominante na formação dos solos brasileiros, não atua de maneira similar ao longo do perfil de solo, os horizontes resultantes podem apresentar diferenças tanto em termos de composição químicomineralógica, como de propriedades físicas e comportamento hidromecânico. Estas características dos solos, podem ou não, estarem de acordo com os requisitos técnicos exigidos para a execução de obras de engenharia e quando não estão surge a necessidade de adequá-lo por meio de intervenções de ordem física, e/ou biológica, e/ou química. Neste último caso, o emprego de meios químicos, podem corresponder a uma alternativa vantajosa, já que eles possibilitam a adequação dos solos permitindo a sua utilização. Entretanto, estudos anteriores demonstraram que o uso de aditivos químicos, como a cal, pode nem sempre levar a resultados benéficos quanto ao comportamento mecânico, quando adicionada ao solo. Esta dissertação buscou contribuir para o entendimento destes procedimentos de melhoria do comportamento mecânico dos solos tropicais por meio da avaliação do efeito da adição da Cal Hidratada (CHI) em pó, mais especificamente, a incorporação de 2%, 5% e 8% (em relação ao peso do solo seco) deste aditivo, em dois perfis de solos tropicais, denominados como Perfil 1 e Perfil 2, com 7,02 e 8,24 metros de profundidade, respectivamente, ambos localizados em Sobradinho, no Distrito Federal. Foram estabelecidos períodos de cura de 1, 28 e 90 dias e realizados ensaios de caracterização, compactação, tração por compressão diametral com determinação da sucção e compressão simples. A partir dos resultados obtidos, observou-se que a mineralogia identificada é típica de perfis de solo com intemperização avançada; já a adição da cal: elevou, como esperado, o potencial hidrogeniônico dos solos, entretanto houve queda nos valores com o avanço do tempo de cura; promoveu agregações, mas também algumas tendências de desagregações; proporcionou ganhos de resistência, que se mostraram mais efetivos quando relacionados a influência do grau de saturação e da sucção atuante. Concluiu-se que o nível de intemperização dos solos estudados influenciou a estabilização química com a cal, gerando variação nas propriedades físico-químicas e no comportamento mecânico ao longo da profundidade e entre os perfis de solo. Portanto, está Dissertação aponta para a necessidade de se aprofundar os estudos voltados para a estabilização química dos solos tropicais, em especial atentando-se para as ações químicas de médio e longo prazo, pois as mesmas poderão ocasionar instabilizações texturais e estruturais dos solos.