Ensino e aprendizagem de força mediados por tecnologias digitais : análise de autoeficácia em Física do Ensino Médio

Abstract

O ano de 2020 marcou a história do Brasil e do mundo devido ao início de uma pandemia. A grave crise sanitária instalada no país motivou as autoridades públicas a tomarem medidas emergenciais que, de partida, afetaram nacionalmente as atividades escolares. Nesse sentido, cabe destacar a pouca estrutura pública com relação às tecnologias digitais necessárias para suportar, nacional ou regionalmente, alguma forma de ensino remoto. Diante dessa problemática, este trabalho debruça-se sobre a seguinte questão: como promover um curso ou sequência didática de Física mediado por tecnologias digitais capaz de evitar os problemas do criticado ensino tradicional, ao mesmo tempo em que pudesse atuar positivamente sobre as crenças de autoeficácia discente e, assim, possivelmente influenciar os desempenhos dos estudantes? Este trabalho a fim de trazer contribuições a esse questionamento tem, como objetivo geral, investigar as crenças de autoeficácia dos alunos do Ensino Médio em práticas de ensino de Física que utilizam tecnologias digitais. Para tanto, o presente estudo revisita a literatura sobre os seguintes temas: o ensino de física, focado no conteúdo sobre força newtoniana; o conceito de crenças de autoeficácia; e o uso de tecnologias digitais no ensino de Física. Com base em uma pesquisa descritiva e exploratória e em uma revisão de literatura sistemática de cunho quantitativo, este trabalho propõe e examina as repercussões de uma sequência didática sobre Mecânica no contexto das Ciências da Natureza, sendo que a supracitada sequência utilizou recursos digitais na perspectiva proposta por Bandura. Destaca-se que essa sequência didática foi acompanhada de um produto educacional construído para ser acessado virtualmente e utilizado pelo estudante durante a realização da referida sequência didática. Em seguida, examinou-se correlações entre três aspectos, a saber: (i) as características socioeconômicas dos estudantes participantes da pesquisa; (ii) as crenças de autoeficácia para o desempenho na disciplina de Física; e (iii) o desempenho discente em uma avaliação de conhecimentos de Mecânica Newtoniana. Depois, discute-se a autoeficácia para o aprendizado de Física nos formatos virtual e híbrido a partir do estudo de caso realizado, propondo sugestões para a promoção das crenças de autoeficácia entre os alunos do Ensino Médio, sobretudo para o processo de ensino e aprendizagem de força com uso de tecnologias digitais. Dessa forma, esta pesquisa contribui com o debate acerca da motivação escolar, especialmente para o aprendizado de Física. Suscita-se, a partir dos dados coletados e analisados, a reflexão sobre os aspectos que afetam a motivação dos estudantes para a performance no componente curricular de Física, particularmente nos formatos híbridos e virtuais, bem como de seus desempenhos diante de instrumentos avaliativos. No caso desta investigação, há indícios de que fatores socioeconômicos (como o sexo, a cor ou a raça, a renda familiar e a escolaridade do pai e o formato de ensino) apresentaram-se como variáveis relevantes para a formação das convicções dos estudantes com relação ao ensino e à aprendizagem de Física no Ensino Médio.