Atenção primária à saúde e registros de sífilis gestacional e congênita : um estudo do Distrito Federal nos anos de 2012 a 2019

Abstract

A sífilis é um agravo com grande impacto na saúde pública mundial e no Brasil, de característica infecciosa sexual e transplacentária. Possui a sífilis congênita como consequência de intensa repercussão com cerca de 40% das gestações de mulheres infectadas pelo treponema evoluindo para perdas fetais e perinatais e, nas restantes, aproximadamente, 50% dos recémnascidos podendo nascer com a presença de sequelas físicas, de desenvolvimento e sensoriais. O envolvimento do modelo de vigilância da sífilis gestacional e congênita com a forma de organização dos serviços da Atenção Primária no Distrito Federal entre os anos de 2012 a 2019 é componente das medidas de saúde pública que interferem diretamente no controle desta infecção sexualmente transmissível. O objetivo do estudo foi descrever a situação epidemiológica da sífilis gestacional e congênita no Distrito Federal, no período de 2012 a 2019 e compreender, na percepção dos profissionais, o papel da atenção da Atenção Primária à Saúde no cuidado aos usuários para o enfrentamento da situação epidemiológica da sífilis gestacional e da sífilis congênita. Desta forma foram realizados dois estudos: um estudo epidemiológico descritivo dos casos notificados e dos óbitos por sífilis congênita, no período de 2012 a 2019, e um estudo qualitativo, por meio entrevistas semiestruturadas com os profissionais de saúde que realizam atividades de assistência e vigilância ao usuário na linha de cuidados do prénatal na APS. Nos resultados mostrou-se aumento da taxa de detecção de sífilis gestacional em todos os anos assim como a prevalência de sífilis congênita. A taxa de mortalidade de sífilis congênita também foi crescente com o pico no ano de 2016 e decréscimo nos próximos dois anos com novo aumento no ano de 2019. A cobertura de equipes de estratégia de saúde da família no DF teve aumento significativo no ano de 2017 a 2018 chegando a mais de 50% de cobertura. Concluiu-se que o estudo atualiza os dados epidemiológicos da sífilis nas mulheres gestantes e da sífilis congênita e evidencia as dificuldades e potencialidades, trazidas pelos profissionais de saúde, contemplando a participação ativa deste profissional nas construções dos processos de melhoria da assistência à saúde. Destacam-se as mudanças havidas no sistema de vigilância à sífilis, assim como as mudanças da Atenção Primária no DF, associadas temporalmente à elevação do número de casos registrados.