As atividades experimentais no contexto da docência nos institutos federais do estado de Goiás : reflexões a partir da epistemologia fleckiana

Abstract

Com a promulgação da Lei 11.892/2008, os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs) ficaram responsáveis, entre outros, pela oferta da Educação Profissional e Tecnológica (EPT) e, obrigatoriamente, cursos de licenciatura, inaugurando a proposta de uma nova institucionalidade tendo entre suas finalidades e características a interiorização e a verticalização do ensino. Passados mais de dez anos da criação dos Institutos Federais, há poucos trabalhos sobre o contexto de atuação dos/as docentes nos cursos de Química de diferentes níveis de ensino. Isto aliado à centralidade da experimentação nesses cursos, nos conduziu a esta investigação objetivando identificar e caracterizar os condicionantes que influenciam as concepções e práticas, relativas à natureza pedagógica da experimentação, dos/as professores/as de química atuantes frente à verticalização do ensino nos Institutos Federais do Estado de Goiás, a partir do referencial fleckiano. A pesquisa é do tipo qualitativa, de caráter descritivo. A construção dos dados se deu por uma triangulação entre pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e entrevistas semiestruturadas. Sete professores e sete professoras de Química vinculados/as aos campi Inhumas, Iporá, Luziânia e Uruaçu são os/as protagonistas da investigação. A trajetória de análise dos dados seguiu os princípios do referencial fleckiano, priorizando a análise das “diferenças” e “semelhanças nas diferenças” e permitiu a constituição de quatro grupos de docentes. Recorrendo às categorias harmonia das ilusões, complicações e circulação de ideias, nossos resultados apontam, nesses grupos, concepções e práticas plurais que ora se aproximam e ora se distanciam de perspectivas simplistas e perspectivas contemporâneas de experimentação no ensino. Também, sinalizam como condicionantes: a formação inicial, a pós-graduação, as experiências anteriores ao ingresso no IF, os desafios impostos pela atuação no ensino verticalizado, a participação em projetos de ensino, e a percepção de ciência. Ao aprofundar nas análises e interpretações desses condicionantes, solidificamos a seguinte tese: as visões contemporâneas sobre experimentação no ensino têm como principal condicionante a circulação de ideias e práticas relativas ao ensino de química propiciadas tanto pela trajetória acadêmica como pela trajetória profissional. Em decorrência, propomos uma tríade teórico-metodológica para o planejamento e desenvolvimento das atividades experimentais tendo como base os eixos defendidos para a EPT: Cultura, Ciência, Trabalho e Tecnologia. Acreditamos que a tríade proposta pode contribuir para aulas dialógicas, em especial, quando abordada coletivamente por professores/as de diferentes núcleos disciplinares.