Um modelo de fluxo da informação científica para as áreas de informação no Brasil : proposta baseada em projetos de pesquisa dos currículos da Plataforma Lattes (2005-2019)

Abstract

Essa pesquisa investiga padrões de produção científica, propondo um modelo de fluxo da informação científica para as áreas de informação (Arquivologia, Biblioteconomia, Ciência da Informação e Museologia) no Brasil baseado em projetos de pesquisa da Plataforma Lattes. O modelo obtido representa as áreas de informação no cenário contemporâneo, descrevendo o sequenciamento cronológico das publicações e os volumes de produção para os tipos documentais: trabalhos resumidos e trabalhos completos publicados em anais de eventos, artigos de periódicos, capítulos de livros, livros, teses e dissertações. Traz, ainda, 27 modelos encontrados na literatura, analisando-os e comparando-os com o modelo desenvolvido. Foram utilizados, como fontes de dados, os projetos de pesquisa desenvolvidos entre os anos de 2005 e 2019, propostos por pesquisadores doutores e atuantes nas áreas de informação. A pesquisa tem um caráter descritivo, fazendo uso de métodos mistos, em duas fases, sendo uma primeira quantitativa, de maior peso, seguida por uma etapa qualitativa. Na fase quantitativa, a técnica de pesquisa utilizada foi a bibliometria, extraindo-se os projetos elegíveis para participarem da pesquisa, com o uso da ferramenta script Lattes. A análise bibliométrica considerou uma amostra aleatória de 266 projetos de pesquisa, dos quais foram identificadas 1.298 publicações extraídas a partir de arquivos XML obtidos na referida plataforma. Na fase qualitativa, foram utilizadas técnicas de levantamento, através do envio de questionários aos pesquisadores qualificados conforme os seus padrões de publicação. As respostas aos questionários foram submetidas à análise de conteúdo e categorização. Os resultados compreendem um modelo que representa a utilização dos canais informais e formais, com os percentuais de publicação de cada um dos tipos de documentos estudados, uma linha do tempo com os prazos em que são tipicamente publicados cada um desses documentos, tendo o início da pesquisa como zero e as motivações para se publicar em cada veículo considerado na pesquisa. Um modelo gráfico resume todas essas informações. Os canais mais utilizados foram os trabalhos completos, seguidos pelos artigos de periódicos, dissertações, capítulos de livros, resumos e teses, ao passo que as publicações menos frequentemente encontradas foram os livros. As publicações iniciaram-se no sexto ano que antecede o projeto de pesquisa, tornando-se significativas a partir do início formal do projeto e atingindo o pico no segundo ano. A partir do terceiro ano, diminuíram as publicações, acentuando-se a queda a partir do quarto ano, tornando-se residuais a partir do sexto e cessando completamente ao décimo ano de projeto. Também foi avaliada a importância da participação dos programas de pós-graduação na pesquisa brasileira nas áreas de informação, onde constatou-se que projetos com a participação de estudantes de mestrado e doutorado são mais produtivos que os demais, concentrando mais de dois terços das publicações. Uma análise dos projetos executados entre 2014 e 2019, sugeriu como tendências no curto e médio prazos, um notável aumento na produção de dissertações, um discreto aumento na produção de artigos de periódicos e a redução dos trabalhos completos e capítulos de livros. Os resultados qualitativos destacam a opinião dos entrevistados quanto aos propósitos do uso de cada canal de comunicação formal e informal nos projetos. Os pesquisadores entrevistados também destacaram, como consequência das políticas de avaliação da CAPES, um produtivismo que prioriza as publicações em periódicos.