Padrão de sexualidade ineficaz em idosos com Diabetes Mellitus

Abstract

Introdução: Com o envelhecimento, há um risco maior de ocorrência de disfunções sexuais e a presença de doenças crônicas, como o Diabetes Mellitus (DM), pode influenciar negativamente na sexualidade dos idosos. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a sexualidade de idosos com Diabetes Mellitus tipo 2 atendidos na atenção primária em saúde, bem como identificar os fatores relacionados (FR) e características definidoras (CD) do Diagnóstico de Enfermagem (DE) Padrão de sexualidade ineficaz da NANDA-I e os relacionar aos hábitos de vida, características clínicas, obesidade, índices bioquímicos e hormonais dos idosos. Metodologia: estudo descritivo, transversal de abordagem quantitativa realizado com 134 idosos com o diagnóstico médico de DM tipo 2, atendidos em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) da Região Oeste do Distrito Federal. A pesquisa foi realizada de julho a agosto de 2019, em duas etapas. A primeira etapa foi conduzida na UBS com coleta de sangue para análise da bioquímica e hormonal, e avaliação das características sociodemográficas, clínicas, hábitos de vida e pressão arterial, em seguida realizada a avaliação da sexualidade, com instrumento estruturado que avaliou queixas, atividade e comportamento sexual. A avaliação do DE Padrão de sexualidade ineficaz foi em forma de checklist. A segunda etapa foi realizada na Universidade de Brasília para avaliação antropométrica e percentual de gordura corporal. A análise estatística descritiva foi realizada no SPSS® 21.0. Resultados: Prevaleceram idosos do sexo feminino (67,2%), com idade entre 60 a 65 anos (35,8%), casados (57,5%), aposentados (58,2%) e com baixa renda (65,6%), não tabagistas (90,3%), não etilistas (88,8%) e sedentários (55,2%). A maioria tinha HAS como comorbidade (86,6%) e usava Metformina (89,6%). Um maior percentual de etilistas foi observado no sexo masculino (p=0,001). Verificou-se um maior percentual de gordura corporal (PGC) (p<0,001) e maior média de PAS (p=0,028) nas mulheres. Os valores de creatinina, testosterona e estradiol foram significativamente maiores no sexo masculino (p<0,05). Quanto à sexualidade, 59,0% afirmaram não serem ativos sexualmente nos últimos 12 meses, porém 76,1% estavam satisfeitos com sua vida sexual. Entre as mulheres, apenas 43,3% relataram manter o desejo sexual, entretanto 65,6% queixaram-se de diminuição da lubrificação vaginal e 14,4% de dispareunia. Já entre os homens, 97,7% ainda mantinham desejo sexual, 50,0% relataram dificuldade de ereção, 45,5% ejaculação precoce. Acerca do DE “Padrão de sexualidade ineficaz”, as CD mais prevalentes foram: “Alteração no comportamento sexual” seguida de “Alteração na atividade sexual”. A CD “Conflito de valores” foi mais prevalente entre as mulheres (p=0,038), enquanto “Alteração na

atividade sexual” e “Dificuldade com atividade sexual” foram mais predominantes no sexo masculino (p<0,000). Os homens apresentaram um maior número de CD do que as mulheres (p=0,013). Já nos FR, os mais prevalentes foram: “Déficit de habilidades sobre alternativas relacionadas à sexualidade”, seguido de “Conhecimento insuficiente sobre alternativas relacionadas à sexualidade” e “Medo de infecção sexualmente transmissível”. Os FR “Conhecimento insuficiente sobre alternativas relacionadas à sexualidade” e “Déficit de habilidades sobre alternativas relacionadas à sexualidade” foram os mais prevalentes nas mulheres (p<0,000), enquanto “Medo de Gravidez” predominou no sexo masculino (p<0,000). As mulheres apresentaram um maior número de FR quando comparadas aos homens (p=0,047). Observou-se influência negativa do estado civil casado, baixa escolaridade, baixa renda, excesso de peso e baixos níveis de testosterona tanto nas CD como nos FR do DE Padrão de sexualidade ineficaz nos idosos com DM tipo 2. Conclusão: os resultados do presente estudo reforçam a necessidade de que ocorra uma abordagem mais direcionada dos enfermeiros frente ao atendimento dos idosos com DM, principalmente relacionada à sua sexualidade, para que a assistência do profissional seja efetiva, com conhecimento, sem julgamento, a fim de proporcioná-lo bem-estar e qualidade de vida.