A viagem e o indígena de papel : continuidade, superação e formação nacional na jornada do sujeito periférico de Quarup e Los Ríos Profundos

Abstract

Nesta tese, analisamos a figuração estética do elemento indígena nas obras Quarup (1967), de Antonio Callado, e Los ríos profundos (1958), de José María Arguedas, a partir de uma perspectiva de continuidade e de superação. Para isso, consideramos a jornada pessoal dos sujeitos periféricos, Nando e Ernesto, que acontece concomitantemente com mudanças históricas e sociais, as quais, inevitavelmente, reverberam no destino desses protagonistas impulsionando-os ao mundo. Em nossa análise, verificamos que o elemento da viagem, ao pressupor um mundo heterogêneo em movimento, configura-se como um eixo fundamental para a composição das duas obras, além da construção de espaços em que ambos os autores inseriram, por meio de personagens diversificados, diferentes perspectivas de mundo que influenciam definitivamente o destino dessas personagens. O modo de representação literária elencado pelos escritores, atrelado à tradição literária do Brasil e do Peru, será capaz de figurar as contradições históricas e sociais nas interações da vida cotidiana. Em nossa pesquisa, trabalhamos com os conceitos de realismo, formação, Indianismo, Indigenismo, heterogeneidade, transculturação, transfiguração e romance de formação sem desconsiderar os distanciamentos entre as obras, no que diz respeito aos momentos históricos em que foram escritas, aos países de origem e seus processos históricos e sociais, além das suas composições estéticas.