Burnout : relações com a afetividade negativa, o coping no trabalho e a percepção de suporte organizacional

Abstract

Esta pesquisa teve como objetivo principal investigar o poder de predição de variáveis individuais (afetividade negativa e coping no trabalho) e de variáveis de percepção de suporte organizacional para os fatores do burnout (exaustão emocional, desumanização e decepção). O estudo foi desenvolvido com uma amostra de 787 trabalhadores da Polícia Civil do Distrito Federal - PCDF (agentes de polícia, escrivães, delegados e agentes penitenciários), lotados nas Delegacias e nos Presídios do DF. Os instrumentos utilizados foram: Escala de Caracterização do Burnout (ECB), escala de afetividade negativa, escalas de coping de controle e escape no ambiente ocupacional e Escala de Suporte Organizacional Percebido (ESOP). Os dados foram submetidos a análises estatísticas exploratórias e descritivas e, posteriormente, a análises de regressão múltipla hierárquica. Os resultados verificaram baixos escores nos três fatores do burnout e um perfil dessa síndrome diferente ao encontrado em pesquisas internacionais. A afetividade negativa correlacionou-se diretamente com os três fatores do burnout, contribuindo significativamente para a predição desses fatores. As estratégias de coping de controle apresentaram correlações inversas com as dimensões do burnout, enquanto o fator de coping escape mostrou correlações diretas com essas dimensões. As estratégias de coping de controle evidenciaram-se preditores significativos para os três fatores do burnout. As estratégias de escape somente foram preditores significativos para as variáveis desumanização e decepção. Em relação aos componentes de percepção de suporte organizacional, a variável sobrecarga apresentou correlações diretas com os três fatores do burnout, mostrando-se preditor significativo para esses fatores. O fator suporte material apresentou uma correlação inversa com os fatores exaustão emocional e decepção, sendo preditor significativo destes. O fator suporte social no trabalho correlacionou-se inversamente com os fatores desumanização e decepção, contribuindo significativamente para a sua predição desses fatores. O estudo permitiu concluir a relevância de variáveis individuais e de percepção de suporte para a predição dos fatores do bumout. Aspectos teóricos, metodológicos e práticos relacionados com os resultados da pesquisa são discutidos. Ao final, é proposta uma agenda de pesquisa que contempla as diferentes variáveis do estudo.