A decisão crítica na teoria e clínica psicanalítica

Abstract

O presente trabalho tem como objeto de estudo o fenômeno das decisões críticas em uma perspectiva teórica e clínica. O estudo de caso foi o recurso metodológico utilizado como estratégia de demonstração clínica do tema desenvolvido a partir de dois casos apresentados. Estes, foram cotejados à teoria psicanalítica com o intuito de investigar as decisões críticas à medida que conceitos e elaborações teóricas foram relacionados ao objeto de estudo. Decisão e crise, apesar da sua complementariedade constatada em outras áreas do saber, não possuem esta mesma explicitação em psicanálise, tal qual demonstrado na revisão bibliográfica feita sobre os temas. Toda crise demanda uma decisão, porém nem toda decisão é fruto de uma crise, as que são denomino neste trabalho de decisões críticas. Abordada muitas vezes de forma genérica a crise, em psicanálise, configura-se em um tema vasto e abrangente. Decisão, por sua vez, não fora explicitada como objeto de estudo psicanalítico por Freud e o seu desenvolvimento subsequente foi insipiente. O estudo das decisões críticas é justificado pela presença e relevância destas no cotidiano clinico. Ao longo do trabalho é demonstrada a relação entre decisão crítica e o trágico. Ela é explicitada como um fenômeno pulsional, uma vez que está relacionada à consciência, temporalidade, páraexcitação, trauma, inibição, ligação pulsional e função objetalizante e seus pares antagônicos, à simbolização, potencial emancipatório e sublimação, além de ser categorizada como um processo intermediário. Sua relação com o enquadre é desenvolvida dada a necessidade de estabelecimento de um enquadre sob medida para situações críticas e, consequentemente, a mobilização do enquadre interno do clínico ao ser demandado em sua maleabilidade. É esboçada uma metapsicologia da decisão crítica a partir de aspectos tópicos, econômicos e dinâmicos relativos ao fenômeno. A decisão critica é abordada em sua metapsicologia como ato e como afeto à luz de comportamentos como passagem ao ato e recurso ao ato.