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Please use this identifier to cite or link to this item: http://repositorio.unb.br/handle/10482/38183
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Title: Por que votamos em corruptos? : evidências experimentais sobre as limitações do voto no combate à corrupção
Authors: Barbosa, Thiago de Azevedo
Orientador(es):: Turgeon, Mathieu
Assunto:: Corrupção
Comportamento eleitoral
Prestação de contas
Democracia
Eleições - Brasil
Citation: BARBOSA, Thiago de Azevedo. Por que votamos em corruptos? Evidências experimentais sobre as limitações do voto no combate à corrupção. 2019. 251 f., il. Tese (Doutorado em Ciência Política) — Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Abstract: A teoria democrática prevê que os políticos corruptos serão sistematicamente eliminados da vida pública através de eleições regulares. Na prática, o persistente sucesso eleitoral dos corruptos ao redor do globo levanta uma paradoxal questão: Por que votamos em corruptos? Neste trabalho, analisamos o tema de forma abrangente a partir de três perspectivas, englobando todos os estágios do processo decisório desde o primeiro contato com a informação até a decisão do voto ou não no corrupto. A metodologia utilizada foi a de survey experimental, em alinhamento com a mais moderna geração de pesquisas na área, com a aplicação de três diferentes experimentos de vinheta, pela internet. O teste das hipóteses foi realizado a partir de amostra original que reflete as principais características do eleitorado nacional, com coleta dos dados realizada às vésperas das eleições nacionais de 2018. O desenho experimental seguiu uma proposta equilibrada entre replicações de estudos anteriores e testes de novos hipóteses e dimensões originais, franqueando o diálogo com a literatura prévia. Com relação à aquisição da informação, vinculada à hipótese da informação limitada, testamos o efeito da credibilidade das fontes, da reação do partido acusado e do viés partidário na punição eleitoral. Os nossos resultados apontam que eleitores diferenciam entre a credibilidade da denúncia e punem mais fortemente os candidatos acusados por fontes potencialmente isentas (auditorias federais) do que por fontes interessadas (partidos rivais), bem como respondem mais rigorosamente quando a acusação é reconhecida pelo partido do que quando ela é desqualificada. Ambos os efeitos são mais fortes dentre os mais sofisticados politicamente. Os dados apontam ainda que o viés partidário atua na punição eleitoral e que uma mesma denúncia é julgada como mais ou menos crível a partir da interação entre o partido acusado e a identidade partidária do eleitor. Abordamos também o papel do contexto eleitoral, vinculada ao estágio de atribuição de responsabilidades, para testar os efeitos da percepção de corrupção generalizada no comportamento eleitoral. Os resultados sugerem que, quanto maior a percepção de corrupção generalizada, menores tendem a ser punição ao candidato e o engajamento eleitoral. Os achados indicam ainda que a capacidade dos eleitores em diferenciar entre os atributos dos candidatos é menor para a corrupção do que para outros temas, o que impõe uma dificuldade adicional à efetiva prestação de contas eleitoral. Por fim, no estágio da atribuição de responsabilidades, vinculado à hipótese da troca, investigamos se a lógica do “rouba, mas faz” é prevalente no eleitorado nacional e se essa dinâmica é interpretada de forma distinta a partir da identificação partidária, bem como se o eleitor diferencia a finalidade da corrupção. Os resultados apontam que os eleitores punem mais fortemente desvios para fins de enriquecimento pessoal do que para caixa 2, e que, na média, rejeitam o “rouba, mas faz”, mas essa relação é heterogênea entre as identidades partidárias. Alguns eleitores parecem enxergar essa troca implícita a partir de outro prisma, tendo a honestidade como valor fundamental e tolerando alguma incompetência, em uma dinâmica que denominamos de “não faz, mas não rouba”.
Abstract: Democratic theory predicts that corrupt politicians will be systematically removed from public office through regular elections. In reality, the persistent electoral success of the corrupt around the globe raises a paradoxical question: Why do we vote for the corrupt? In this paper, we analyze this subject comprehensively from three perspectives, encompassing all stages of the decision- making process of the voter, from the first contact with the information about corruption to the decision of whether or not to vote for the candidate. The methodology used was the experimental survey, aligned with the latest generation of research in the area, with the administration of three different vignette experiments online. The hypothesis tests were performed based on an original sample that reflects the main traits of the national electorate. The data collection was carried out on the eve of the 2018 national elections. The experimental design followed a balanced approach between replications of previous studies and tests of new hypotheses and original dimensions, ensuring the dialogue with previous works. Regarding the acquisition of information, linked to the limited information hypothesis, we tested the effect of credibility of sources, the reaction of the accused party and the partisan bias in the electoral punishment. Our results indicate that voters differentiate between the credibility of the accusations and punish more strongly candidates accused by potentially impartial sources (federal audits) than interested sources (rival parties), and respond more strongly when the accusation is recognized by the party of the candidate, instead of when the reports are disqualified. Both effects are strongest among the most politically sophisticated. The findings also point out that the party bias impacts in the electoral punishment and that the same complaint is perceived as being more or less credible depending on the interaction between the accused party and the voter’s party identity. We also address the role of the electoral context, linked to the attribution stage, to test the effects of widespread perception of corruption on electoral behavior. The results suggest that the higher the perception of widespread corruption, the lower the likelihood of candidate punishment and electoral engagement. The findings also indicate that voters' ability to differentiate between candidate attributes is lower for corruption than for other issues, which imposes an additional challenge to the effective electoral accountability. Finally, at the stage of attribution of responsibilities, linked to the exchange hypothesis, we investigate whether the logic of “steals but gets things done” is prevalent in the national electorate and whether this dynamic is interpreted differently accordingly to party identification, as well as whether the voter differentiates the purpose of corruption. The data indicate that voters punish more strongly deviations for personal enrichment purposes than for slush fund, and that on average they reject the “steals, but get things done” logic, but this relationship is heterogeneous between party identities. Some voters seem to interpret this implicit exchange from another perspective, with honesty as its core value, and some incompetence being acceptable, in a dynamic we call "doesn’t get things done, but at least doesn’t steals”.
metadata.dc.description.unidade: Instituto de Ciência Política (IPOL)
Description: Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Ciência Política, Programa de Pós-Graduação em Ciência Política, 2019.
metadata.dc.description.ppg: Programa de Pós-Graduação em Ciência Política
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