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Please use this identifier to cite or link to this item: http://repositorio.unb.br/handle/10482/34038
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Title: Tragoidíai : cantos de cura? : representações da doença nos cultos dionisíacos e em tragédias de Sófocles
Other Titles: Tragoidíai : healing songs? : conceptions of disease in Dionysus’ cults and Sophocles’ tragedies
Authors: Bacelar, Agatha Pitombo
Orientador(es):: Carvalho, Orlene Lúcia de Saboia
Assunto:: Grécia antiga
Dioniso
Poesia grega
Issue Date: 14-Feb-2019
Citation: BACELAR, Agatha Pitombo. Tragoidíai: cantos de cura?: representações da doença nos cultos dionisíacos e em tragédias de Sófocles. 2018. 322 f., il. Tese (Doutorado em Linguística)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018.
Abstract: Na Atenas clássica, a poesia trágica celebrava Dioniso nas Grandes Dionisíacas e em outras festas do deus. A maioria dos estudos contemporâneos descreve esta festa como uma recepção e entretenimento rituais para Dioniso Eleutereu. Supõe-se que a cada ano, na véspera do festival, uma procissão que escoltava a estátua do deus constituía um re-enactment de sua primeira chegada a partir de Eleutera, como relatada por um escoliasta a Aristófanes. Segundo essa versão da lenda, a estátua de Dioniso, trazida por Pégaso, não foi bem recebida na Ática; colérico, o deus envia uma doença sobre os genitais dos homens da região. O escoliasta dá, assim, uma explicação da procissão do phallós como o meio escolhido pelos Atenienses lendários para pôr um fim à doença e comemorar seu sofrimento. A inclusão das Grandes Dionisíacas na categoria mais ampla de festivais gregos antigos, a das theoxieníai, possibilita a atribuição de duas posições, simbolicamente distintas mas ainda assim simultâneas, a Dioniso na festa ateniense, como conviva que compartilha as mesas e como destinatário divino dos sacrifícios que fornecem a refeição para essas mesmas mesas. Uma vez que os banquetes de hospitalidade na Grécia antiga compreendiam comida, bebida e entretenimentos poético-musicais, as duas posições ocupadas por Dioniso nas mesas do festival também concerniriam às suas posições diante dos concursos poéticos subsequentes à sua recepção, como espectador que assiste às performances e como destinatário divino dessas mesmas performances. Pela dinâmica comemorativa do re-enactment da chegada de Eleutereu, as competições poéticas adquirem a função de (entre outras coisas) curar a doença lendária. Este estudo propõe que a recorrência do vocabulário da doença na poesia trágica ateniense acrescenta uma dimensão semântica a esse vínculo pragmático de cura. Após uma revisão da reconstituição das grandes Dionisíacas nos estudos contemporâneos, apresenta um quadro mais amplo das concepções da doença na Grécia antiga, com atenção especial aos significados das doenças enviadas por divindades, bem como aos empregos metafóricos da imagética da doença em contextos políticos. Em seguida, analisa as relações entre doença, estados anormais de consciência e cultos dionisíacos. A dinâmica etiológica implicando uma resistência às novidades e/ou aos cultos dionisíacos, punida por uma doença enviada pelo deus, é encontrada tanto no contexto dos mitos e cultos menádicos – celebrados sobretudo na Beócia e exclusivamente por mulheres – quanto no contexto de mitos e ritos em torno do consumo do vinho – notadamente em tradições áticas que focam predominantemente do despertar do desejo masculino. Este estudo, então, retorna ao re-enactment da narrativa etiológica das Grandes Dionisíacas, sugerindo que a lenda de Pégaso seria uma versão ática e masculina dos “mitos de resistência” a Dioniso no menadismo. Enfim, o estudo apresenta um panorama das ocorrências de nósos na poesia trágica ateniense que nos chegou, com especial atenção às tragédias de Sófocles, e oferece análises mais detalhadas de três peças – Ájax, Filoctetes, Antígona – em dois momentos distintos, cada um levando em conta um dos universos referenciais não raro ambiguamente justapostos pelo caráter polifônico das enunciações corais e teatrais, nomeadamente o mundo ficcional das peças e a ocasião cultual de suas performances.
Abstract: In Ancient Athens, tragic poetry celebrated Dionysos at the Great Dionysia and other festivals of the god. Most of the contemporary studies describe this festival as a ritual reception and entertaining for Dionysos Eleuthereus. Every year at the festival’s eve, a procession escorting the god’s statue is supposed to re-enact his first arrival from Eleutherai, as told by a scholiast to Aristophanes. According to this version of the legend, Dionysos’ statue, brought by Pegasus, was not well received into Attica, and the god in anger sends a disease upon the genitals of Attic men. The scholiast gives an account of the phallus procession as the means chosen by legendary Athenians to put an end to the disease and commemorate their sufferings. The inclusion of the Great Dionysia in the broader ancient Greek festivals category of theoxeníai gives room to the assignment of two symbolically distinct and yet simultaneous positions to Dionysos at the Athenian festival, as a guest who shares the tables with celebrants and as the divine recipient of the sacrifices providing this very tables with meal. Since ancient Greek hospitality feasts comprised eating, drinking and poetic and music entertaining, the two positions ascribed to Dionysos at the festival’s tables would concern also the god’s positions as to the poetic competitions following his reception, as a guest who watches the performances and as the divine recipient of these very performances. By the commemorative dynamics of the re-enactment of Eleuthereus’ arrival, the poetic competitions at the festival acquires the function (among others) of healing the legendary disease. This study proposes that the recurrence of the vocabulary of disease in Athenian tragic poetry adds a semantic dimension to this pragmatic healing link. After a re-evaluation of the reconstitution of the Great Dionysia in contemporary scholarship, it presents a bigger picture of ancient Greek conceptions of disease, giving an special attention to the meanings of divine-sent diseases as well as to metaphorical usages of disease imagery in political contexts. Next, it analyses the relations between disease, abnormal states of mind and Dionysian cults. The etiological dynamics implying a resistance to Dionysos novelties and arrivals punished by a god-sent disease is found both in the context of Maenadic myths and cults – celebrated mostly in Boeotia and exclusively by women –, and in the context of myths and rites around wine consumption – notably in Attic traditions and focusing predominantly on male erotic arousal. This study, then, returns to the re-enactment of the Great Dionysia etiological narrative, suggesting that Pegasus’ legend was an attic male version of Dionysian maenadic “resistance myths”. Finally, it presents a panoramic view of the occurrences of nósos in extant Athenian tragic poetry with special attention to Sophocles’ tragedies, and offers more detailed analyses of the meanings of nósos in three plays – Ajax, Philoctetes and Antigone – in two distinct moments, each taking into account one of the two referential worlds often ambiguously juxtaposed by the polyphonic character of choral and theatrical utterances, namely the fictional world of the plays and the cultic occasion of their performances.
Description: Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Letras, Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas, Programa de Pós-Graduação em Linguística, 2018.
Licença:: A concessão da licença deste item refere-se ao termo de autorização impresso assinado pelo autor com as seguintes condições: Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Universidade de Brasília e o IBICT a disponibilizar por meio dos sites www.bce.unb.br, www.ibict.br, http://hercules.vtls.com/cgi-bin/ndltd/chameleon?lng=pt&skin=ndltd sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o texto integral da obra disponibilizada, conforme permissões assinaladas, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.
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