Emissão de metano in vitro e in vivo em ovinos alimentados com mucuna-preta (stizolobium aterrimum)

Abstract

Objetivou-se com este trabalho avaliar a utilização da leguminosa taninífera mucuna-preta (M) (Stizolobium aterrimum) na dieta de ovinos Santa Inês. Foram realizados três experimentos um in vitro e dois in vivo com e sem adição do polietilenoglicol (PEG) para avaliar o efeito do tanino condensado (TC) presente na M. No estudo in vitro realizou-se bioensaio pela técnica de produção de gases em garrafas por 24 h, avaliando-se a fermentação ruminal e produção total de gases (PGT). Houve elevação da PGT e do teor nitrogênio amoniacal (N-NH3) e queda do pH em no tratamento com PEG em relação ao sem PEG (p < 0,05). No primeiro ensaio in vivo avaliou-se a digestiblidade aparente dos nutrientes (DA), em 15 ovinos machos, castrados, divididos em 3 grupos de tratamentos: dieta exclusiva de feno de capim-aruana (Panicum maximum Jacq. cv. Aruana) (CON); e feno de capim-aruana suplementado com feno de mucuna com adição (MP) e sem adição de PEG (MSP). Houve maior ingestão de matéria seca e consequente maior ingestão de componentes nutricionais no grupo CON quando comparado aos demais tratamentos (p < 0,05), com exceção da proteína bruta (PB) e das fibras em detergente ácido (FDA) (p > 0,05). Houve redução nos coeficientes de DA (CDA) de todos os nutrientes, e elevação do teor de N-NH3 (p < 0,05) nos grupos MP e MSP em relação ao CON, com exceção do CDA da PB (p > 0,05). No segundo estudo in vivo foram analisadas as emissões de CH4, onde foram utilizados 18 animais, machos castrados, divididos conforme descrição do ensaio de DA, para a técnica das câmaras respirométricas (CR) e 8 animais machos, castrados, divididos apenas em MP e MSP, porém com alternância de tratamentos (delineamento swichtback), para a técnica do hexafluoreto de enxofre (SF6). Ao término de ambas avaliações de CH4 foi coletado conteúdo ruminal para análises do teor de N-NH3, ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), e contagem de protozoários. No método CR, houve maior ingestão de matéria seca (MS), de matéria orgânica (MO) e de fibras em detergente neutro (FDN) no grupo MSP, quando comparado ao CON (p < 0,05). A inclusão de mucuna (MP e MSP) proporcionou maior ingestão de proteína bruta (PB) e de PB digestível, maiores teores de N-NH3, maior quantidade de AGCC total e de propionato, e menor relação acetao:propionato, quando comparados ao CON (p < 0,05). A adição de PEG proporcionou redução na contagem de protozoários ruminais. No método do SF6, não houve diferenças entre os grupos MP e MSP em nenhum dos parâmetros analisados. Em ambos os métodos, CR e SF6, não houve diferenças entre todos tratamentos analisados nos parâmetros de emissão de CH4 (p > 0,05).