Tolerância ao calor em bovinos zebuínos

Abstract

O objetivo deste trabalho foi avaliar a tolerância ao calor de cinco raças zebuínas utilizando a termografia infravermelha. Foram avaliadas 40 vacas das raças Gir, Girolando, Nelore, Sindi, Indubrasil com aproximadamente três anos de idade. O experimento foi realizado no Centro de Transferência de Tecnologias de Raças Zebuínas com Aptidão Leiteira, da EMBRAPA Cerrados, na localidade de Ponte Alta, no Distrito Federal. Foram registrados o peso corporal, a altura de cernelha, altura do cupim, comprimento do corpo e circunferência torácica de carcaça. A densidade da pelagem e altura do pelo foi obtido através da coleta de um centímetro quadrado de pelo da região da garupa e a coloração da pele utilizando o sistema CIELAB L*, a* e b*. Foram avaliadas a temperatura retal, frequência cardíaca e respiratória no turno da manhã, às 04:30h, e no turno da tarde, às 14:30h, durante três dias. Foram coletadas amostras de sangue para avaliação hematológica. A temperatura superficial foi obtida através da câmera infravermelha. Foram registradas duas imagens por animal, uma de todo o corpo lateralmente e outra da região da cabeça. Utilizando uma estação meteorológica, foi registrada a temperatura do ar, a velocidade do vento e a umidade relativa. As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do programa SAS e os procedimentos usados foram análise de variância, correlações, componentes principais, análise discriminante, análise canônica, regressão logística e odds ratio. A temperatura do ar chegou à 35,9°C, ficando acima da temperatura da zona de conforto para bovinos. Os animais Indubrasil e Girolando tiveram o maior peso e o maior perímetro torácico, enquanto que os animais Gir apresentaram a menor altura de cernelha e a menor perímetro torácico. A raça afetou todos os parâmetros fisiológicos e todas as temperaturas superficiais. Em geral, as correlações entre todos os pontos da análise da imagem termográfica foram altas e positivas. Os componentes ambientais também tiveram alta correlação com as temperaturas das imagens termográficas, sendo que, a correlação com umidade foi negativa. A análise de componentes principais demonstrou que a temperatura superficial do corpo aumentou quando a temperatura corporal aumentou no período da tarde e com aumento do estresse térmico o animal aumentou a sua frequência respiratória na tentativa de perder calor. No turno da tarde, apenas 16% das coletas das temperaturas retais dos animais Girolando estavam acima dos valores de referência, enquanto que nos animais Gir, essa porcentagem chegou aos 58%. Os principais pontos para avaliação do estresse térmico foram a axila, o pescoço e o olho.