Do púlpito ao poder : evangélicos, teologia do domínio e a ofensiva antigênero nocontexto brasileiro

Abstract

Esta dissertação investigou a influência da Teologia do Domínio (TD) na ascensão dos evangélicos na política brasileira e seus desdobramentos na consolidação de uma agenda antigênero. O estudo partiu da seguinte questão: de que modo essa teologia contribui para a formação de um projeto político-religioso conservador que reforça estruturas patriarcais e naturaliza a desigualdade de gênero no contexto sociopolítico brasileiro? A análise mostra como a TD, promovida por líderes como Edir Macedo, sustenta um projeto teológico e político de caráter autoritário, que busca submeter a organização social aos valores tradicionais baseados na moral cristã e na preservação do patriarcado. Essa perspectiva, enraizada nas tradições judaico-cristãs, reforça a ideia de superioridade masculina e legitima discursos que naturalizam violências simbólicas e coercitivas contra as mulheres. Em contrapartida, a pesquisa também identifica movimentos de resistência no interior do campo religioso, especialmente a partir da Teologia da Libertação, que propõe leituras críticas das Escrituras orientadas pela justiça social e pela igualdade de gênero. A investigação adota uma abordagem qualitativa, articulando o método materialista histórico-dialético e a epistemologia feminista. Os resultados evidenciam que a TD tem funcionado como base ideológica para agendas neoconservadoras que dificultam avanços nas pautas de gênero, ao passo que as disputas hermenêuticas internas à esfera religiosa revelam potenciais caminhos de enfrentamento e transformação social.