Para compreender os sentidos do ensino de Sociologia : conhecimento, história e linguagem nos livros didáticos

Abstract

Esta dissertação teve como objetivo analisar como o conhecimento sociológico é apresentado nos livros didáticos e como esses manuais contribuem para a construção dos sentidos da Sociologia na educação básica brasileira. Metodologicamente, a pesquisa adotou a perspectiva da sociologia figuracional de Norbert Elias, integrando os conceitos de psicogênese, sociogênese e interdependência, além da noção de manualidade de Geoffrey Harper para investigar como o conhecimento é sistematizado e transmitido pelos livros didáticos, considerando tanto a estrutura didática quanto processos sociais mais amplos. A revisão da literatura revelou uma lacuna significativa na compreensão de como os livros didáticos figuram o conhecimento sociológico e como são moldados pelas interdependências de seus autores, editores, professores, estudantes e pesquisadores. A introdução do conceito de tempo histórico de Reinhart Koselleck permitiu problematizar a visão cronológica e linear das pesquisas existentes e sugerir que se compreenda os institucionalização do ensino de Sociologia a partir de quatro tipos: Linear Abrangente (LA), Não-Linear Abrangente (NLA), Linear Estrita (LE) e Não-Linear Estrita (NLE) — que ilustram as complexas interdependências temporais e sociais no desenvolvimento da disciplina de Sociologia. A análise de Programa de Sociologia (1944), Sociologia (1994), Tempos Modernos Tempos de Sociologia (2016) e Sociologia em Movimento (2016) evidenciou que os autores transmitem não apenas o conteúdo, mas também fornecem guias interpretativos para orientar as percepções dos estudantes durante a leitura. Observou-se uma ênfase comum em figuras de crise, posicionamento de sujeitos e instituições, e na formação sociológica como resposta a esses desafios. Os resultados indicam que os livros didáticos refletem projetos em disputa e processos sociais que moldam a educação em determinadas direções e tendências. Concluiu-se que a história da Sociologia nos livros didáticos vai além de marcos institucionais, abrangendo camadas temporais diversas de experiências, expectativas e disputas. Essa abordagem revela a complexidade do ensino de Sociologia como parte de múltiplas temporalidades e processos de institucionalização, sugerindo novas perspectivas para investigações futuras, incluindo temas emergentes como digitalização e diversidade cultural.