Avaliação histológica e imunohistoquímica de cicatrização com curativo de pele de rã (Rana catesbeiana) em pacientes vítimas de queimaduras

Abstract

Os curativos biológicos tem sido motivo de um grande número de pesquisas nos últimos anos.. A sobrevivência dos pacientes com grandes áreas corporais acometidas pelo trauma térmico .depende muito da substituição da pele e por mais que se avance no suporte clínico, metabólico, imunológico, nutricional , cardiológico,e respiratório ou qualquer outro setor, o paciente crítico vitimado pelas queimaduras não suportará muito tempo se não houver cobertura cutânea, definitiva ou temporária. O objetivo desse trabalho é estudar uma alternativa viável para um país como o nosso: sem recursos suficientes para empregar soluções de alto custo oferecidas pela indústria de bioengenharia de tecidos. Temos recursos naturais autóctones ainda inexplorados na nossa biodiversidade muitas soluções advem dessa riqueza. A pele de rã tem sido citada esparsamente, em pesquisas, acerca do seu potencial cicatrizante e beneficio no tratamento das feridas. O conhecimento da biologia animal nos fornece subsídios importantes quanto a presença de vários polipeptídios antimicrobianos neste material. Propusemos esse estudo de cicatrização em humanos, utilizando a pele de rã Rana catesbeiana. Sua utilização terapêutica é incomum e carece de pesquisas bem controladas em humanos para corroborarmos o benefício de sua aplicação. Com este objetivo utilizamos a pele de rãs previamente selecionadas, desidratadas e esterilizadas por Raios Gama em áreas doadoras de autoenxerto em pacientes vítimas de queimaduras admitidos na Unidade de Queimados do Hospital Regional da Asa Norte (Brasília /DF). Através de biópsias seriadas, submetidas a análise histológica e imunohistoquímica com anti-receptor de EGFr buscamos demonstrar as diferenças entre o grupo controle utilizando curativo com gaze vaselinada e o grupo tratado com o curativo biológico. O material é de fácil aplicação, de manuseio e armazenagem simples. Pode ser estocado por tempo prolongado e não requer transporte especial. As feridas tratadas com curativo de pele de rã evoluíram sem complicações como infecção, alergias ou aprofundamento das lesões, na verdade observamos cicatrização com epiderme sadia . A histologia demonstrou epitélio regenerado sem diferenças significantes (p<0,05) quando comparados curativos com pele de rã e gaze vaselinada, mas um tecido organizado e regenerado é evidente em microscopia com HE. Marcação com anti-receptor de EGF, apesar de discreta, foi mostrada em ambos os grupos, mas também com resultados não significantes. Outros estudos deverão advir no futuro para caracterizar melhor o curativo biológico com pele de rã. Concluímos que há estímulo à cicatrização em áreas doadoras de auto enxerto através de fatores locais de crescimento quando tratadas com curativo biológico com pele de rã, apesar de não ter sido demonstrado estatisticamente significante sua superioridade quando comparado com curativo com gazes vaselinadas; e demonstrou não haver impedimento à cicatrização nem evidências de aumento de complicações. No futuro outros marcadores envolvidos na cicatrização deverão ser estudados bem como observações com amostras maiores serão analisadas.