Anatomia caulinar comparada de subgêneros de Cereus Mill. (Cactaceae)

Abstract

Cactaceae é a principal família de plantas que ocupa os ambientes áridos e com o terceiro maior centro de diversidade localizado no nordeste e sudeste brasileiros. Esta família botânica apresenta conflitos taxonômicos, sendo Cereus Mill. talvez o gênero menos compreendido. O objetivo deste trabalho foi analisar a anatomia caulinar de espécies deste gênero, visando identificar caracteres que possam subsidiar sua taxonomia, bem como investigar a morfologia da cera epicuticular de espécies selecionadas. No Capítulo 1, amostras caulinares foram submetidas às técnicas usuais para análise estrutural e histoquímica de 16 espécies dos três subgêneros de Cereus, sendo uma espécie nova, além de Praecereus saxicola (Morong) N.P. Taylor. Os resultados foram fotografados e os dados compilados em tabela comparativa. Constatou-se que o caule em todas as espécies examinadas é revestido por epiderme unisseriada, com estômatos paracíticos e células-guarda reniformes. As camadas de colênquima são aclorofiladas e espessadas, seguidas por parênquima clorofiliano, parênquima aquífero e numerosos idioblastos mucilaginosos. Nas regiões mais jovens, os feixes vasculares são colaterais; já nas regiões maduras, há um cilindro vascular com calotas externas de fibras no floema. Estas características são semelhantes em todas as espécies do gênero. Os seguintes caracteres se mostraram úteis para a taxonomia do grupo: espessura da cutícula, presença de células papilosas, tamanho relativo das células epidérmicas comuns e sinuosidade de suas paredes anticlinais em vista paradérmica; largura das células-guarda e número de camadas do colênquima. Foi confeccionada uma chave de identificação para as espécies examinadas, acompanhadas de descrições anatômicas e pranchas ilustrativas. A nota científica (Capítulo 2), buscou explicar a variegação do caule de Cereus spegazzinii através da comparação de sua epiderme com outras espécies do gênero. A análise foi realizada sob microscopias ótica e eletrônica de varredura. Constatou-se que a variegação nos caules desta espécie se deve à descontinuidade das ceras epicuticulares na epiderme. Os dados contribuem para o conhecimento sobre estas importantes plantas da flora brasileira, possibilitando inclusive o entendimento do aspecto marmorizado do caule em C. spegazzinii, que é um estado de caráter único na família dos cactos.