Abastecimento alimentar urbano na América Latina : impactos socioespaciais da expansão dos supermercados

Abstract

A profusão de novas práticas alimentares ensejadas pela globalização preconizoua expansãodos supermercados como principal canal de comercialização de alimentos nas cidades. Amodernização do varejo alimentar integra o conjunto de processos de reestruturaçãourbananaAmérica Latina, no qual a hegemonia das multinacionais supermercadistas a partir dadécadade 1990 acelerou a difusão destas superfícies comerciais pelo tecido urbano. Oobjetivogeraldesta tese é analisar a dinâmica de difusão territorial dos supermercados emquatrograndescentros urbanos da América Latina, a saber: São Paulo (Brasil), Cidade do México(México),Santiago (Chile) e Lima (Peru). A metodologia da pesquisa foi dividida emtrêseixosprincipais: I) Revisão bibliográfica; II) Coleta de dados; e III) Produção de dados secundáriose análise territorial. A etapa de coleta consistiu na construção de umbanco de dadosdaatuação das empresas em cada cidade classificadas a partir da localizaçãodosestabelecimentos, origem de capital da empresa e formato de loja. A partir das informaçõesreunidas no banco de dados, foram realizadas visitas técnicas nas quatro cidades comoobjetivo de coletar dados sobre as operações do varejo alimentar, totalizando 96 equipamentosde comercialização de alimentos visitados in loco. A análise dos dados produzidospelapesquisa evidenciou que modernização do varejo alimentar nas cidades é caracterizadapelaseletividade espacial, no qual o uso corporativo do território praticado pelas empresassupermercadistas reproduz o padrão de fragmentação urbana na América Latina. Acaracterização deste uso corporativo do terrritório praticado pelas supermercadistas,possibilitou a identificação de impactos socioespaciais como: a expansão da financeirizaçãoeprecarização do mercado de trabalho; estrangeirização de capital e concentração empresarialno setor supermercadista; tendência a dispersão-concentrada dos estabelecimentos nas cidades;atomização das superfícies comerciais; produção desigual da oferta territorial de alimentação;e a articulação vertical das relações de dominação, dependência e resistência comos agentesdo circuito inferior do varejo alimentar.