Prevalência de alterações pulmonares na Síndrome pós-Covid-19 : revisão sistemática de estudos observacionais após quadro moderado a crítico de Covid-19

Abstract

A covid 19 ´e uma infec¸c˜ao respirat´oria causada pelo v´ırus sars-cov 2. Ap´os a fase aguda, uma parcela dos pacientes pode permanecer sintom´atica ou reapresentar sintomas diversos por mais de 3 meses, caracterizando s´ındrome p´os-covid 19. Exames m´edicos complementares auxiliam no manejo cl´ınico desses pacientes. Tomografia computadorizada do t´orax e testes de fun¸c˜ao pulmonar s˜ao utilizados para esse fim. Pesquisas prim´arias foram desenvolvidas para estudar altera¸c˜oes residuais nesses exames em adultos com s´ındrome p´os-covid 19. O enfoque desta revis˜ao sistem´atica de estudos observacionais foi sumarizar as evidˆencias cient´ıficas quanto `a presen¸ca de altera¸c˜oes pulmonares na covid longa ap´os quadro agudo moderado a cr´ıtico, respondendo sobre (1)a prevalˆencia das les˜oes residuais em tomografia de t´orax; (2)a prevalˆencia de fun¸c˜ao pulmonar reduzida; (3)a rela¸c˜ao entre a gravidade da fase aguda e a persistˆencia das les˜oes; e sobre (4) as caracter´ısticas demogr´aficas na popula¸c˜ao acometida. O acrˆonimo PECO orientou a formula¸c˜ao das perguntas de pesquisa, incluindo como desfecho a presen¸ca de altera¸c˜oes pulmonares residuais (tomogr´aficas e por redu¸c˜ao na capacidade de difus˜ao pulmonar - DLco). Os crit´erios do Protocolo PRISMA 2020 statement foram seguidos e o n´umero de registro no PROSPERO ´e CRD42024572100. Ap´os busca estruturada em 14 bases de dados, incluindo protocolos de pesquisa e literatura cinzenta, foram selecionados 44 estudos publicados entre janeiro de 2020 e janeiro de 2024. Foram acompanhados 6994 participantes (59% homens) nos marcos temporais 3, 6 ou 12 meses ap´os o diagn´ostico de covid 19. A heterogeneidade dos resultados foi considerada alta, sugerindo cautela na interpreta¸c˜ao dos dados. Metan´alise dos dados estimou que a prevalˆencia m´edia de altera¸c˜oes tomogr´aficas agrupadas foi de 69% (60–78%) aos 3 meses; 62% (52–71,5%) aos 6 meses; e de 54% (40–67,5%) aos 12 meses. Sobre a redu¸c˜ao na capacidade de difus˜ao pulmonar, foi observada prevalˆencia de 43% (IC 95% 35–52%) aos 3 meses; 39% (26–51,5%) aos 6 meses; e 38% (29–48%) aos 12 meses. A prevalˆencia estimada de les˜oes tomogr´aficas indicativas de fibrose pulmonar foi de 22% (IC de 95% 13–30) aos 3 meses, n˜ao demonstrando redu¸c˜ao significativa at´e os 12 meses (24%; [10–38%]), teste de Wilcoxon p= 0,008. Houve correla¸c˜ao entre a gravidade da doen¸ca aguda e (1) presen¸ca de les˜oes fibr´oticas na tomografia de 3 meses; e (2) deficiˆencia na capacidade de difus˜ao pulmonar aos 3 meses. A presen¸ca de altera¸c˜oes fibr´oticas na tomografia de 3 meses mostrou correla¸c˜ao com sua persistˆencia aos 6 meses ((⇢s = 0, 833; p = 0,001) e aos 12 meses ((⇢s = 0, 952; p < 0,000). Houve correla¸c˜ao positiva forte (1) entre a presen¸ca de deficiˆencia na capacidade de difus˜ao pulmonar/DLco aos 3 meses e sua persistˆencia aos 12 meses ((⇢s = 0, 733; p = 0,025); e (2) entre a presen¸ca de alguma altera¸c˜ao na tomografia de 6 meses e sua persistˆencia aos 12 meses ((⇢s = 0, 700; p = 0,036).