Desempenho morfoagronômico e pós-colheita de genótipos de batata-doce (Ipomoea batatas (L.) Lam)

Abstract

A batata-doce (Ipomoea batatas (L.) Lam) é uma cultura de grande relevância global devido à sua versatilidade alimentar, elevada produtividade e adaptabilidade a diferentes condições climáticas e de solo. No Brasil, ela tem se destacado tanto como alimento básico quanto em diversas aplicações industriais e gastronômicas. Além disso, a cultura possui um grande potencial para o melhoramento genético, com possibilidades promissoras de desenvolvimento de novas cultivares mais produtivas, resistentes a estresses bióticos e abióticos, e com características específicas, como maior teor de nutrientes, coloração diferenciada da casca e da polpa, entre outras. Este potencial pode contribuir significativamente para atender às crescentes demandas do mercado e promover maior sustentabilidade na agricultura. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi avaliar diferentes genótipos de batata-doce quanto ao desempenho morfoagronômico, físico-químico e nutricional. O experimento foi conduzido na Fazenda Água Limpa (FAL), da Universidade de Brasília (UnB), utilizando delineamento experimental em blocos casualizados (DBC), com nove repetições por genótipo. Foram analisados 17 parâmetros da parte vegetativa 90 dias após o plantio, além da produtividade e caracterização físico-química das raízes em três períodos de colheita (120, 150 e 180 dias). A caracterização morfoagronômica foi realizada com base na lista de descritores para a cultura fornecida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). As análises físico químicas incluíram teor de umidade, cinzas, sólidos solúveis, acidez total titulável, amido, lipídios, proteínas e carboidratos totais. Observou-se diferença estatística significativa (a 1% de probabilidade pelo teste F) entre os genótipos e os tempos de colheita para as características avaliadas, número de raízes comerciais, número de raízes não comerciais, número total de raízes, produtividade comercial, produtividade não comercial, produtividade total, comprimento médio, diâmetro médio, espessura da casca, número de furos, sólidos solúveis totais, acidez total titulável, teor de umidade, teor de amido, teor de proteína e carboidratos totais. Não houve diferença estatística significativa nos teores de lipídios entre os tempos e genótipos avaliados. Quanto à caracterização da parte vegetativa, observou se uma ampla diversidade morfológica, com comprimento das ramas variando de 72 cm a 398,66 cm e diâmetro do entrenó de 5,33 mm a 8,66 mm além da pigmentação antocianínica que variou entre presente e ausente nos genótipos bem como, a coloração ramas e folhas que variou do verde ao roxo. Para cor da casca e da polpa foi possível observar padrões de cores variados, entre bege, amarelo, laranja e roxo. Em relação aos aspectos de produtividade, os resultados indicaram que a produtividade comercial aumentou ao longo do tempo, atingindo 77,22 t/ha aos 180 dias. Genótipos como G12K, G13C e G08N demonstraram maior produtividade comercial. A produtividade não comercial foi mais expressiva para G05F, G13C e G18O. Nos parâmetros físico-químicos, observou-se aumento no ºbrix para os genótipos G01R e G06E, enquanto a acidez total titulável aumentou significativamente no genótipo G06E. O teor de amido variou de 86,50% a 90,94% aos 150 dias, reduzindo-se aos 180 dias. Proteínas e carboidratos totais também apresentaram variação entre os genótipos e períodos de colheita. Concluiu-se que, tempo de colheita exerce influência significativa sobre diversas características produtivas e qualidade das raízes de batata-doce e ainda, escolha do momento ideal para colheita pode impactar diretamente na qualidade nutricional das raízes. Os resultados servirão como base para ampliar novos estudos sobre a batata-doce, com foco em aspectos morfoagronômicos e nutricionais, contribuindo para o avanço científico e tecnológico da cultura no Brasil.