Bildungsroman feminino africano : colonialismo e gênero em Nervous Conditions de Tsitsi Dangarembga

Abstract

O presente estudo tem como objetivo analisar o romance de formação africano cuja protagonista é uma mulher negra que procura se firmar em uma sociedade patriarcal e colonial, estabelecendo sua trajetória e construindo sua identidade como resistência à ideologia dominante. O corpus selecionado para pesquisa é a obra Nervous conditions da autora zimbabuana Tsitsi Dangarembga, e pretende-se, por meio dessa investigação, mapear a representação da identidade africana, do colonialismo e do patriarcado, utilizando os conceitos de colonialidade do poder e do gênero para revelar as relações entre gênero, raça e capital no romance a partir da teoria decolonial. Defende-se, nesta tese, a ideia de que este romance opera um Bildungsroman. Enquanto a protagonista realiza sua formação escolar, rumo a ser assimilada pela cultura ocidental, ela também desenvolve outro processo, uma formação interna de descolonização a qual a leva a se desenvolver enquanto sujeito, elaborando um agenciamento que se configura como resistência a partir de sua relação com outras personagens femininas da narrativa. A análise foi realizada utilizando um arcabouço teórico cujos principais autores são Wilma Patrícia Maas e Cíntia Schwantes no que tange o estudo do Bildungsroman; Edward Said, Frantz Fanon e Achille Mbembe com suas contribuições acerca dos estudos sobre África e raça; Aníbal Quijano e Maria Lugones na teoria decolonial; e Grada Kilomba e Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí sobre os estudos de gênero.