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Título: Mulheres de Axé: Justiça epistêmica nas experiências das ialodês
Autor(es): Vilela, Ana Laura Silva
Orientador(es): Rodrigues, Guilherme Scotti
Coorientador(es): Duarte, Evandro Charles Piza
Assunto: Religiões de matriz africana
Justiça epstêmica
Experiências vivenciais
Ancestralidade
Mulheres
Data de publicação: 12-Fev-2025
Referência: VILELA, Ana Laura Silva. Mulheres de Axé: Justiça epistêmica nas experiências das ialodês. 2024. 467 f. Tese (Doutorado em Direito) — Universidade de Brasília, Brasília, 2024.
Resumo: As vidas de Ebomi Vanda Machado e Mãe Jaciara Ribeiro, duas mulheres negras de axé de Salvador-Bahia, filhas da orixá Oxum, conduzem os caminhos desta tese. Há décadas, Ebomi Vanda Machado elabora propostas de educação a partir dos terreiros, como lócus do pensamento africano recriado na Diáspora e se mobiliza em redes de encontro e afetos das comunidades de terreiro. A ialorixá Mãe Jaciara Ribeiro constituiu sua trajetória política e religiosa a partir da luta nacional para a reparação da violência religiosa contra sua mãe biológica, Mãe Gilda, e mantém de pé o legado da mãe. Assim, acolho o mandamento do feminismo negro de que vidas de mulheres negras oferecem projetos de justiça. Mas não qualquer justiça. A pergunta que guia o texto é: "de que modo as experiências de duas mulheres negras de axé compõem projetos de justiça epistêmica?". Apresentar este problema à pesquisa jurídica demanda enfrentamentos epistemológicos desde seu posicionamento. O primeiro desafio da tese é lidar com a ignorância em relação às mulheres de axé e tornar temas e cenários em que se dão as vidas das mulheres de axé compreensíveis em uma pesquisa em Direito, a partir de contextos, fluxos e enredos político-teóricos sobre as religiões afro-brasileiras e de múltiplas fontes reunidas em trabalho de campo realizado com Mãe Jaciara e Ebomi Vanda, especialmente entre 2018 e início de 2020. Outras histórias e teorias de mulheres de axé se impõem na conversa; reviso estudos antropológicos sobre religiões afro-brasileiras e investigo a categoria "mulheres de axé" e debates correlatos sobre gênero, raça, política, nação etc. Para compor o conceito de justiça epistêmica, localizo no campo jurídico proposições teóricas que confiram dignidade epistêmica às vidas, em especial a vidas de mulheres negras, não apenas como habitantes de cenas de sujeição, mas de espaços produtivos de criação e aprendizado para o Direito. A categoria política ialodê é central na tese. Foi acionada pelo feminismo negro brasileiro do repertório afrodiáspórico iorubá e exigida pelo trabalho de campo; são duas mulheres de Oxum. Corresponde a um cargo atribuído às mulheres na defesa de seu poder político. Busco explorar algumas imagens, narrativas e contradições nos escritos sobre a ialodê que auxiliem a compreensão de sua reivindicação atual pelas mulheres de terreiro. A partir de Oxum, e de vidas movidas pela episteme de Oxum, não se trata de um projeto de justiça qualquer, mas acima de tudo estético, epistêmico e comprometido com a memória e ancestralidade. Por isto, a justiça epistêmica se dedica ao projeto comunitário que também é composto por ancestrais, aquelas e aqueles que vieram antes. As vidas das mulheres de terreiro reposicionam diferentes saberes em seus corpos, indumentárias e práticas. E se estas mulheres exigem e disputam léxicos de Estado, neles não se esgotam, elaborando sobre "outra coisa". É sobre esta "outra coisa", insubmissa e impronunciável, que esta tese se ocupa. Sendo de Oxum, a tese se obriga à beleza enquanto método (SHARPE, 2024) e assim como no sistema iorubá, a arte percorre todo o texto.
Abstract: The lives of Ebome Vanda Machado and Mãe Jaciara Ribeiro, two black women of axé from Salvador-Bahia, daughters of the orixá Oxum, guide the paths of this thesis. For decades, Ebome Vanda Machado has developed educational proposals based on terreiros, as a locus of African thought recreated in the Diaspora and mobilizes herself in networks of encounter and affection of the terreiro communities. The ialorixá Mãe Jaciara Ribeiro built her political and religious trajectory from the national struggle for reparation of religious violence against her biological mother, Mãe Gilda, and keeps her mother's legacy alive. Thus, I accept the commandment of black feminism that the lives of black women offer projects of justice. But not just any justice. The question that guides the text is: "in what way do the experiences of two black women of axé compose projects of epistemic justice?". Presenting this problem to legal research demands epistemological confrontations from its positioning. The first challenge of the thesis is to deal with ignorance regarding women of axé and to make themes and scenarios in which the lives of women of Axé take place understandable in a legal research, through contexts, flows and political-theoretical plots about AfroBrazilian religions and multiple sources gathered in fieldwork carried out with Mãe Jaciara and Ebome Vanda, especially between 2018 and early 2020. Other stories and theories of women of axé impose themselves in this conversation; I review anthropological studies on Afro-Brazilian religions and investigate the category "women of axé" and related debates on gender, race, politics, nation, etc. To compose the concept of epistemic justice, I locate theoretical propositions in the legal field that confer epistemic dignity on lives, especially the lives of black women, not only as inhabitants of scenes of subjection, but as productive spaces of creation and learning for Law. The political category ialodê is central to the thesis. It was triggered by Brazilian black feminism from the Yoruba Afro-diasporic repertoire and required by the fieldwork; they are two women of Oxum. It corresponds to a position attributed to women in the defense of their political power. I seek to explore some images, narratives and contradictions in the writings about ialodê that help to understand its current claim by the women of terreiro. Starting from Oxum, and from lives driven by the episteme of Oxum, this is not just any justice project, but above all aesthetic, epistemic and committed to memory and ancestry. For this reason, epistemic justice is dedicated to the community project that is also composed of ancestors, those who came before. The lives of the women of terreiro reposition different knowledges in their bodies, clothing and practices. And if these women demand and dispute State lexicons, they are not exhausted by them, elaborating on "something else". It is with this "something else", unsubmissive and unpronounceable, that this thesis deals. Being from Oxum, the thesis is obliged to use beauty as a method (Sharpe, 2024) and, as in the Yoruba system, art runs through the entire text.
Unidade Acadêmica: Faculdade de Direito (FD)
Programa de pós-graduação: Programa de Pós-Graduação em Direito
Licença: A concessão da licença deste item refere-se ao termo de autorização impresso assinado pelo autor com as seguintes condições: Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Universidade de Brasília e o IBICT a disponibilizar por meio dos sites www.unb.br, www.ibict.br, www.ndltd.org sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o texto integral da obra supracitada, conforme permissões assinaladas, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.
Aparece nas coleções:Teses, dissertações e produtos pós-doutorado

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